Pobre por excelência
Paulo
da Costa Paiva
" 3Maria, tomando
quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e
enxugou-os com seus cabelos.A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.
4Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos,aquele que o havia de
entregar: 5'Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de
prata,para as dar aos pobres?'6Judas falou assim, não porque se preocupasse com
os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o
que se depositava nela. 7Jesus, porém, disse:'Deixa-a; ela fez isto em vista do
dia de minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem
sempre me tereis." (Jo 12 ,3-7)
Jesus ao visitar Lazaro
é surpreendido com a atitude de Maria (irmã de Lazaro) que aos seus pés derrama
quase meio litro de caro perfume (Nardo Puro), essa atitude incomoda Judas por
desprezar a amorosa manifestação de carinho de Maria por seu Senhor. Ela que já
pressentia em seu coração angustia dolorosa que advinha brevemente sobre Jesus.
Cristo se impõe ao seu discípulo que duro de coração não compreendia aquela
mística manifestação amorosa que preparava ao seu amado mestre a sepultura.
Judas que levianamente se mostrava preocupado com o desperdiço daquele perfume
que poderia arrecadar um bom dinheiro para os pobres não percebeu que o mais
importante naquele momento era esta junto ao seu Senhor, pois o noivo ainda
estava presente entre nós (Mt 9, 14-17 )
Jesus e seus discípulos
foram à casa de Lazaro na qual eram amigos e muito próximo, onde também lhe
foram oferecido um jantar. Quando se há uma intimida com Cristo se torna
possível essa comunhão que se manifesta pelas atitudes que demonstram o
verdadeiro cristão que ama seu próximo
sem querer nada em troca, por caridade e amor
a todos (humanidade) sem distinção em pleno amor incondicional e essa
comunhão se torna por excelência na eucaristia onde se come e bebe junto a mesa
com Cristo nosso Senhor na perfeita e mística comunhão com o Divino que se faz
morada em nosso coração. Marta irmã de lazaro e de Maria como sempre agitada
(Lc 18,38-42)no seu ativismo não conseguia comungar plenamente com Cristo Jesus
presente,deixando passar entre seus dedos a grande graça e onde somente uma
coisa era realmente necessário para ela e novamente desperdiçaras.
Maria junto aos pés de
Jesus nos revela a missão de todos nós de segui-lo como o modelo Ideal de vida
para santidade na comunhão com a divindade que se encarnou no meio de nós.
Mostra também que o ministério de servir ao próximo não é exclusividade dos
ministros ordenados (clero) mas está acessível a todos os que tem boa vontade
em seus corações e determinação de fazer o bem comum através do próximo. Cada
um de nós somos chamado a sermos luz para o mundo e sal para terra, é a partir
de nossa coerência de cristão (novos cristos) que leva a uma práxis do
evangelho até os confins do mundo, e claro, totalmente desprovido de interesse
nenhum nem da própria salvação ou do temor de ir ao enferno, mas fazer o bem sem saber a quem,
por livre e desapegado exercício de amar incondicionalmente, pois esse sim é a
essência da Boa Nova, amar por amar pois foi assim que Cristo se fez homem e
nos amou sem querer nada em troca, que
por paixão foi até as ultima conseqüência no madeiro da cruz morrer pela
humanidade.
Outro ponto importante
e que foi exposto na discussão, foi a questão do pobre colocado de forma
leviana e tendenciosa por Judas, mas Cristo deixa claro que os pobres estarão
sempre entre nós, e que Ele (Jesus) naquele momento seria o pobre por
excelência, sendo já profetizado, pelo menos numa dimensão cristológica como o
servo sofredor (Is 53), Jesus seria aquele que carregaria sobre si toda a
nossas enfermidades(pecados), foi ultrajado, humilhado e tudo suportou nos
resgatando pelo seu sangue derramado no madeiro. O Cristo Jesus se faz presente
entre nós e de forma emergente nos seus pequeninhos, que são os excluídos e
marginalizados da sociedade, que diariamente são ultrajados, humilhados,
zombados e mortos por nossas próprias mãos que de forma muito hipócrita se
juntam para rezar dominicalmente nos templos como se nada tivesse acontecido.
Assim como Judas,
podemos cair na cilada da hipocrisia de se importa com o pobre somente numa dimensão
superficial, se limitando aos discursos vazio e demagógicos. Que na prática
torna um falso cristão, em total contradição com tudo aquilo que o Mestre Jesus
ensinou, de amar o próximo de forma despretensiosa por um simples ato de
experimentar do amor de Deus que contagia e envolve, mergulhando numa mística
que só é possível se realmente ama de forma incondicional, como o mestre amou e
ensinou. Também não adianta se prender num tradicionalismo vazio e sem vida,
pois nada há de se frutificar espiritualmente se não uma praticidade do próprio
cristianismo, por isso Ele (Jesus) fala claramente, "quanto a mim, nem
sempre me tereis." Pois se limitar somente aos discursos numa convivência
com Deus "meia boca" de forma
egoística e insensível as dores do próximo sem nada fazer ou se importar,
realmente Cristo não estará nesse meio, pois Ele não compartilhará com os
malfeitores e ladrões de vidas e sonhos.
Pax!