Homem, Imagem e semelhança de Deus
Paulo da Costa Paiva
O homem como o sujeito de sua própria
história, interagindo com o mundo em suas diversas épocas, em inúmeras regiões
e contextos deixou sua contribuição no decorrer dos séculos com um legado que
nem sempre é positivo, mas que nunca se omitiu em deixar a sua marca
(característica) na história. O homem que desde os primórdios se mostra
inquieto no que se refere aos mistérios inalcançáveis de Deus necessita-se da
fé para aceitar e buscar algo além de sua compreensão, buscando articular um
contato, uma relação próxima com essas divindades. Nesse processo histórico se
observa as variadas formas de manifestações na relação humana com o divino,
sempre tendo como ponto de partida a experiência do homem com Deus. O Homem em sua
totalidade como o centro (sujeito) de estudo cientifico no processo histórico,
acredita-se que deu seus primeiro passos durante a Revolução iluminista (Séc.
XVIII) como também segundo algumas correntes pode ter sido desenvolvido bem
antes, por séculos que remotos na Antiguidade Clássica. No contexto religioso,
mas precisamente no cristianismo não se existia um documento especifico de
forma relevante sobre o homem em sua totalidade, apesar de existir em praticamente
todos escritos da literatura e do magistério cristã referências ao homem. No
concílio Vaticano II mas precisamente na constituição pastoral Gaudium et spes
é apresentada uma síntese da atual
sociedade de grande valor antropológico, tendo como o essencial a
consideração do homem em sua unidade como também a sua totalidade em suas
diversas dimensões, que tem como objetivo iluminar a humanidade diante das
problemáticas contemporâneas e existenciais que atormenta e muitas das vezes à
deixa sem norte.
A Constituição Gaudium et spes se
inicia falando das verdades fundamentais do homem desde sua criação, passando
pela infidelidade da desobediência que o levou a pecar, mostrando a imaturidade
diante da liberdade concebida por Deus e as conseqüência de suas escolhas.
Apresenta também, o homem em sua
totalidade constituída (Corpo e alma), com a sua dignidade, inteligência e
princípios morais. Mostrando sua relação com Deus, sua vocação ao dialogar e colocar seus questionamentos diante de uma
sociedade que se afasta cada vez mais do transcendente, problematizando uma
ateísmo crescente na contemporaneidade, e diante disso como a Igreja responde
essa situação iluminando a partir do próprio evangelho ao destino ultimo do
homem. Na dimensão antropológica a maior contribuição que a Gaudium et spes nos
apresenta como importante e original, é o modelo por excelência de homem
apresentado por Cristo que sendo Deus(verbo - Filho) ao encarnar, se manifesta
o mistério inesgotável do amor de Deus(Pai)por toda humanidade. Apresenta a
vocação de cada um de nós de sermos assim como seu Filho novos cristos, pois
assim como Ele (Deus) se fez humano quis nos mostrar que a humanidade pode
também ser divina (Imagem e semelhança). Como o novo Adão supera toda a
realidade do homem velho (Adão) preso as sua misérias (pecados) que ameaçavam
totalmente sua dignidade original de filhos de Deus, a partir de seu testemunho
como homem se manifestava sua atitude divina que libertava e renova-va a
esperança e a dignidade de todos que acolhia suas palavras (semente do reino de
Deus) em seus corações
Não se deve imaginar que
Gaudium et spes se limita somente numa dimensão teológica pois vai muito além ,
tendo a partir dessa afirmação o principio
que fundamentalizará a antropologia teológica, que revela por intermédio
de Cristo a novidade que é a boa nova para toda humanidade, onde a nossa
dignidade foi restaurada por intermédio de seu filho que manifesta o Pai por
seu infinito amor , redimindo-nos no madeiro da cruz como consequência ultima
de sua obediência ao sumo bem. Somente na luz dos evangelhos tendo por modelo a
pessoa de Cristo é que viveremos a vocação humana em plenitude, mostrando que é
através da nossa própria humanidade assim como fez Jesus, que poderemos
manifestar a perfeição divina que há em nós, mesmo de uma forma utópico por
nossas limitações, Cristo nos mostra que não é tão distante e nem impossível se
assemelharmos a sua Pessoa, nos apresentando dessa forma que o mistério do
homem se esclarece no mistério do verbo encarnado. Não se pode confirma com
precisão que os documentos teológicos referente ao homem antes do concílio e
desenvolvido na Gaudium et spes estejam pronto e definidos, isso seria
incoerente pois permanece ainda um grande abismo na sua formação, que assim como
homem é um ser sempre em desenvolvimento inesgotável, pois é uma ser inacabável
assim se tornar também para teologia como para antropologia. Mas o concílio
aponta o caminho a seguir para solidificação da antropologia teológica que tem
como sujeito e referencia primordial o homem Jesus que manifestou na sua
própria humanidade a sua divindade.
Paz e Bem!
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