Os Upanishads
Upanishad Ishavasya –
O Véu Dourado 10
O
pensamento surge da experiência acumulada da mente. A existência da mente
depende de manter essa experiência intacta, pois o seu rompimento significa o
fim do próprio pensamento.
A
intervenção do pensamento em qualquer ação é para manter sua continuidade. O
pensamento restringe a ação e a mantém dentro dos confins da continuidade.
A
morte é um fenômeno da descontinuidade. A vitória sobre a morte requer uma ação
livre das influencias restritivas da continuidade, e essa ação só é possível
quando não há intervenção do pensamento.
Onde
a ação procede ao pensamento, somente aí a experiência da morte ocorre, e nessa
experiência a compreensão da imortalidade ocorre.
A
ação de conquistar a morte e o conhecimento da imortalidade são simultâneos,
não ocorrem um após o outro.
Imanência
e transcendência
Aquele
que conhece conjuntamente esse par,
Com
a imanência ele vence a morte
Com
a transcendência alcança o imortal.
A
continuidade é representada pela Imanência ou o Manifesto. A morte é a cessação
do manifesto. Onde o manifesto é totalmente negado, aí chega a experiência da
morte, através da negação do manifesto o homem vence a morte.
O
momento em que o manifesto é negado é também o momento em que a Transcendência
é experimentada. É com a abertura de uma janela e a entrada do sol, não há um
intervalo entre as duas coisas.
Aqui
não estamos fazendo uma referencia a uma crença na imortalidade, crença é um
conceito, e um conceito funciona dentro dos confins da continuidade, e,
portanto um conceito de imortalidade indica um estado de incessante
continuidade. A imortalidade não é uma interminável continuidade.
Uma
continuidade é um processo do tempo, mesmo que seja interminável. O tempo tem
um começo, e, portanto, um fim.
A
imortalidade quando é um produto do pensamento está sujeita ao processo do
tempo. Uma imortalidade que tem um fim não é imortalidade alguma. A
imortalidade não pode ser conhecida através do pensamento conceitual.
A
conquista da morte se encontra no imanente, pois ela chega somente quando o
manifesto é negado, mas o conhecimento da imortalidade está na Transcendência,
pois ele vem quando o homem sai do tempo e entra na região do atemporal.
Que
haja uma completa negação do manifesto, que sejam retirados os véus da
imanência, pois quando os véus do manifesto são rasgados, então aparece diante
do homem o Espírito em toda a sua glória.
A
experiência espiritual é um processo de descoberta, a Realidade ou Verdade foi
encoberta. Brahman ou a Realidade está na nossa frente, mas não podemos vê-La
porque uma tela a está encobrindo.
A
realidade está coberta por um véu dourado, que tanto nos fascina e atrai que
não estamos dispostos a removê-lo.
Quem
colocou este véu? O véu foi lançado pelo pensamento, que usou o melhor material
disponível, com ouro e prata e joias. Mas este material foi feito com material
do reino da continuidade. Quando este véu é retirado, então aparece o Espírito
supremo.
Quando
a luz da realidade brilha, o homem grita com grande júbilo e diz para si mesmo:
Desfrute
o que é dado a você, não cobice a riqueza do outro.
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