quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Upanishad Kena – A noite silenciosa 11


Os Upanishads
Upanishad Kena – A noite silenciosa


Há um mantra para aplacar o senhor da morte, nesse caso Shiva é adorado em sua forma conhecida como Tryambaka, e ele pode prolongar a extensão da continuidade fazendo recuar as forcas da descontinuidade ou vice-versa. Ele é o guardião do Intervalo entre o Manifesto e o Imanifesto.

Brahman surge somente naquele intervalo sobre o qual Shiva preside. Shiva é um errante a noite, e só pode ser encontrado na escuridão da noite, e é aí que Shiva transmite as intimações do Imanifesto. Neste intervalo o manifesto não está e o Imanifesto não chegou. A chegada do Imanifesto é proclamada por Shiva.

O homem precisa descobrir diretamente a natureza de Brahman, o que só será possível após a liberação de todos os atributos da mente, e permanece imóvel na noite escura e silenciosa. Então a noite transmite sua dádiva ao aspirante.

Essa dádiva vem anonimamente, pois o aspirante não sabe quem a deu, e dádiva vem subitamente. Brahman nunca será alcançado pelo pensamento, Ele surge no pensamento daqueles cujas mentes foram liberadas dos três atributos.

Brahman vem na natureza como o flash de um relâmpago. Ninguém sabe quando Ele virá. O relâmpago desaparece tão subitamente quanto surgiu, não pode ser agarrado nem colocado numa estrutura de tempo. Mesmo que dure por um momento, esse momento é tão brilhante de luz que o caminho é visto em toda a sua vividez.

Brahman não pode ser percebido gradualmente, Ele surge instantaneamente, e aquele que está desperto pode ver. Aquele que teve essa visão não pode ser o mesmo homem outra vez, cada parte da existência do homem é transformada.

Qualquer desejo de estender o momento significaria trazer a percepção de Brahman para o processo do tempo. Somente no momento atemporal é que Brahman pode ser conhecido.

Aquele que obteve este vislumbre de Brahman retorna ao processo do tempo com um sentido de êxtase, e preenche o processo do tempo com esse êxtase. Ele não é mais a mesma pessoa.

Brahman é Tadvanam, o Bem-amado de todos, e adoramos o Bem-amado através do Amor. Somente a adoração do Amor nos conduz a experiência de Brahman. Esta realidade não chega ao homem através de um estado de suspensão ou mortificação.

O Amor é um estado de total simplicidade. O Amor não é um produto do cultivo da mente. O Amor surge em uma mente liberta de todas as suas acumulações. Ao se aproximar do Bem-amado, o amor joga fora todos os seus acúmulos e oferece a si mesmo ao Bem-amado.

O instrutor do Upanishad Kena recomenda ao discípulo cultuar Brahman como Tadvanam, pois ele é o Bem-amado de todos, e somente ao longo caminho do Amor Ele pode ser encontrado.


Fonte:https://osmirclemente.wordpress.com/upanishad-kena-a-noite-silenciosa/

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