Caminhada ao
Deserto Interior
Paulo da Costa
"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser
tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois
teve fome." (Mt 4,1-2)
Jesus
ao ser batizado por João Batista seguindo as tradições proféticas foi levado
pelo Espírito ao deserto, tinha plena consciência o que deveria enfrentar na
sua missão se confirmando tudo o que aprendera em seus tempo de silêncio no
povoado onde vivia na simplicidade de um judeu como qualquer outro numa vida de
trabalho, família e oração. Cristo foi ao deserto longe de tudo e de todos na
experiência mística do profundo silêncio num zelo impecável do jejum e de
atividade intensa de oração. Logo após esses quarenta dias, sentiu fome e foi
tentado pelo diabo em três situações distinta, primeiramente que transformasse
pedras em pão pois já que estava com fome deveria sacia-la mas o responde que
não só de Pão vive o homem, mas de toda palavras que provem da boca de Deus.
Novamente o faz tentar a Deus o levando ao mais alto do Templo e pedindo para
se jogar, pois os anjos os socorreriam como está nas escrituras, mas novamente
o responde também partir das Sagradas Escrituras que não tentarás o senhor seu
Deus. O diabo o levou para o monte muito alto e lhe apresentou todos os reinos
do mundo oferecendo-lhe em troca se fores prostrado diante dele e adorado, mas
Cristo o repreende e diz a partir das Escrituras que somente ao Senhor teu Deus
o adorarás e somente a ele prestará culto.
Cristo
só foi inicialmente tentado quando sentiu fome, isso mostra claramente a sua
humanidade se manifestando assim como a cada ser humano que senti fome, sede,
frio e outras diversas necessidades, o diabo estava próximo esperando o momento
oportuno para se manifestar. Jesus teve fome e foi tentado a comer o pão, Já
Eva no paraíso mesmo não sentido fome, se viu atraída em comer a maçã ao ser
convencida pela serpente e tudo começou pelo diálogo com o tentador. O
diferencial é que Cristo é o próprio verbo de Deus e rebateu sua frívolas
colocações a partir das Escrituras, mostrando que além da fugacidade do tempo
(Fome = emergente) devemos se preparar para eternidade, buscando o pão que veio
do céu (Jesus Cristo) e não se vender por nada efêmero, o que é tão precioso, se
não própria é vida resgatada a preço de sangue no madeiro. Novamente o diabo o
tenta ao pedi-lo para se jogar do alto do Templo agora baseado nas Escrituras,
mas cai por terra sua tentação pois Cristo sendo o verbo encarnado no meio de
nós não perderia seu tempo provando nada sobre si e muito menos tentando a
Deus. O diabo era insistente e o tentara pela última vez, oferecendo-lhe toda
suas riqueza se adorado fosse, mas Cristo tinha plena consciência de sua missão
na terra e de sua autoridade ao expulsa-lo de sua presença, como também da
comunhão eterna, sublime e amorosa com o Pai.
A
ida de Cristo ao deserto por um período de quarenta dias numa experiência
mística de jejum e oração, e levado posteriormente a um confronto diante do
tentador, quer nos mostrar que cada um de nós devemos ter também essa comunhão
com o Cristo em unidade plena com o Pai por intermédio do Santo Espirito. Como
é relatado no evangelho, Jesus foi levado ao deserto pelo Espirito (Mt 4, 1) e
essa intimidade aflorada com o divino só é possível numa vida de oração, de
apostolado pela fé e principalmente pela caridade que se culmina na eucaristia.
E todos que chegam essa maturidade espiritual, se transfigura também a todas as
suas dimensões humana, levando a uma superação de suas limitações e despertando
para uma vida nova. Esse convite ao deserto é o exercício de interioridade que
deve levar a um autoconhecimento diante das misérias e inclinações, como também
das qualidades e potencialidades de cada ser humano que caminha ao grande encontro
que é ao Sacrário humano (templo Senhor), na busca da conversa íntima e sincera
com Cristo que se faz presente dentro de nós (1Cor 3, 16-17). O deserto quer
nos mostrar as pelejas humanas diante das dificuldades que cada cristão deve
encara no seu cotidiano, num mundo onde Cristo não foi acolhido, mas ao
contrario foi perseguido até a morte, e morte de cruz. Nós como servos de Deus,
nunca seremos melhores que o Senhor e consequentemente seremos perseguidos por
toda vida, quando fiel a vontade do Pai.
Continua...
Pax
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