sábado, 19 de setembro de 2015

Bíblia e Moral


DOM DIVINO E RESPOSTA HUMANA
Paulo da costa

            Na bíblia Deus é apresentado como o criador de todas das coisas, percebe-se claramente todas as suas atitudes como atos divino devidamente determinado segundo a sua vontade na qual é reconhecido como bom, um dom do Deus criador. Na criação o homem tem um lugar especial, pois se torna a imagem e semelhança de Deus e co-responsável pela criação com todas as criaturas na qual se deve governar com responsabilidade segunda vontade de Deus. Um dos livros que mais se fala do Deus criador é os salmos, se utilizando bastante de simbolismo relacionando a criação com a história de salvação, reconhecendo as maravilhas a partir da sua própria experiência com Deus que é Pai em sua própria história de salvação, sendo plenamente assumida posteriormente no Novo testamento em uma dimensão cristológica.
                Os hebreus só foram realmente considerados um povo mais precisamente na sua saída do Egito pela intervenção de Deus e pela direção de Moisés, passando por todo o processo histórico onde se firma a antiga Aliança no Sinai até chegada na terra prometida. Esse povo foi assistido por Deus que se desperte desde início uma consciência teológica, que além de libertar da escravidão do Egito, foi providente nas suas dificuldades, mas também muito rígido em suas teimosia e infidelidade (idolatria), como um Pai que tinha profundo zelo por seu filho, sendo também lento para cólera, mas paciente e generoso no seu amor, pois tinha como finalidade a unidade do seu povo eleito, em torno do projeto futuro de sua promessa. Que por parte de seu povo eleito, assumindo um caráter de resposta a graça, surge a "moral revelada". Um caminho para libertação através da adesão total ao dom da Aliança por intermédio de seus ritos, designando a Lei como dom de Deus, provindo de um caminho histórico e vivenciado da experiência da revelação divina.
                Sobre as diversas expressões da aliança de Deus para com seu povo eleito nesse processo histórico numa abordagem canônica. Veio muito antes da formação do seu povo, através da pessoa de Noé, onde Ele (Deus) mostra sua decepção com a humanidade no qual decidiu por fim, por se perverterem e se afastarem totalmente do Pai criador. Mas logo intervém e firma um projeto de aliança com Noé simbolizada pelo arco-íris. Sendo restabelecida a união entre Deus e a humanidade renascida após dilúvio, acarretando um compromisso consciente com o criador junto à criação diante de sua responsabilidade (administrar) de zelo e respeito. Já aliança do Senhor com Abraão, nos apresentam a promessa, que leva a uma responsabilidade de se tornar uma grande nação (eleitos de Deus) a partir da vivência da lei na obediência e da pratica da justiça. E após da saída (libertação) do Egito no monte Sinai, por intermédio de Moisés, Deus (YHWH) faz uma aliança propondo ao homem a uma livre adesão como caminho de vida, um novo modelo de vida a partir de sua Lei (Decálogo).
                No mundo atual o Decálogo se torna fundamento da moral com valores e aplicabilidade, onde aponta o seu alcance universal ao promover valores aplicáveis a humanidade inteira em todo seu processo histórico. Já numa expectativa teológica mostra que o caminho que leva a Deus é adesão plena a Lei, e a partir dessa moralidade libertadora que instrui seu povo a uma libertação social seja de forma individual ou coletiva, é na obediência moral da Lei que o povo dá continuidade a ação histórico-libertadora de Deus. No reinado de Davi, Deus manifesta uma relação paternal determinando através da aliança a promessa que jamais a violará a sua aliança. Cumpre-se então posteriormente a missão messiânica através de Jesus e por intermedeio Dele é constituído a nova e eterna Aliança, a partir da pratica de justiça (anuncio da boa nova), que perdoa gratuitamente e redime a humanidade por seu sangue se tornando um com Ele com um caráter de pertença: “Eles serão o meu povo e Eu serei seu Deus.” (Jr 32,36).

                O relacionamento de Deus com seu povo que no Antigo Testamento acontecia predominantemente pelo termo Aliança (toráh), e agora partir de Jesus Cristo, Ele se torna o único intermediário entre Deus e a humanidade através da Nova e Eterna Aliança. O véu se rasgou e o mistério se revela ao mundo sobre a presença divina como um dom da graça derramada sobre nós. Cristo apresenta o Reino de Deus em duas expectativas como promessa futura e outras vezes como algo presente e inesperado, através de uma experiência libertadora acolhendo principalmente e emergentemente os marginalizados como os pobres, os órfãos, as viúvas e etc. E mostra sua posição através de sua missão diante da relação da humanidade para com Deus (Pai) por seu intermédio acarretando uma nova expectativa moral. Os seguidores de Cristo (discípulos) abraçam a missão de Jesus que os guiam a uma comunhão de vida plena que se propagará a toda a humanidade por seu gratuito convite que implica em atitudes concretas apontadas nas Bem-Aventuranças.
Continua...
Paz e Bem!

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