DOM DIVINO E RESPOSTA HUMANA
Paulo da costa
Na bíblia Deus é apresentado como o criador de todas das coisas,
percebe-se claramente todas as suas atitudes como atos divino devidamente
determinado segundo a sua vontade na qual é reconhecido como bom, um dom do
Deus criador. Na criação o homem tem um lugar especial, pois se torna a imagem
e semelhança de Deus e co-responsável pela criação com todas as criaturas na
qual se deve governar com responsabilidade segunda vontade de Deus. Um dos
livros que mais se fala do Deus criador é os salmos, se utilizando bastante de
simbolismo relacionando a criação com a história de salvação, reconhecendo as
maravilhas a partir da sua própria experiência com Deus que é Pai em sua
própria história de salvação, sendo plenamente assumida posteriormente no Novo
testamento em uma dimensão cristológica.
Os hebreus só foram
realmente considerados um povo mais precisamente na sua saída do Egito pela
intervenção de Deus e pela direção de Moisés, passando por todo o processo
histórico onde se firma a antiga Aliança no Sinai até chegada na terra
prometida. Esse povo foi assistido por Deus que se desperte desde início uma
consciência teológica, que além de libertar da escravidão do Egito, foi
providente nas suas dificuldades, mas também muito rígido em suas teimosia e
infidelidade (idolatria), como um Pai que tinha profundo zelo por seu filho,
sendo também lento para cólera, mas paciente e generoso no seu amor, pois tinha
como finalidade a unidade do seu povo eleito, em torno do projeto futuro de sua
promessa. Que por parte de seu povo eleito, assumindo um caráter de resposta a
graça, surge a "moral revelada". Um caminho para libertação através
da adesão total ao dom da Aliança por intermédio de seus ritos, designando a
Lei como dom de Deus, provindo de um caminho histórico e vivenciado da
experiência da revelação divina.
Sobre as diversas
expressões da aliança de Deus para com seu povo eleito nesse processo histórico
numa abordagem canônica. Veio muito antes da formação do seu povo, através da
pessoa de Noé, onde Ele (Deus) mostra sua decepção com a humanidade no qual
decidiu por fim, por se perverterem e se afastarem totalmente do Pai criador.
Mas logo intervém e firma um projeto de aliança com Noé simbolizada pelo
arco-íris. Sendo restabelecida a união entre Deus e a humanidade renascida após
dilúvio, acarretando um compromisso consciente com o criador junto à criação
diante de sua responsabilidade (administrar) de zelo e respeito. Já aliança do
Senhor com Abraão, nos apresentam a promessa, que leva a uma responsabilidade
de se tornar uma grande nação (eleitos de Deus) a partir da vivência da lei na
obediência e da pratica da justiça. E após da saída (libertação) do Egito no
monte Sinai, por intermédio de Moisés, Deus (YHWH) faz uma aliança propondo ao
homem a uma livre adesão como caminho de vida, um novo modelo de vida a partir
de sua Lei (Decálogo).
No mundo atual o
Decálogo se torna fundamento da moral com valores e aplicabilidade, onde aponta
o seu alcance universal ao promover valores aplicáveis a humanidade inteira em
todo seu processo histórico. Já numa expectativa teológica mostra que o caminho
que leva a Deus é adesão plena a Lei, e a partir dessa moralidade libertadora
que instrui seu povo a uma libertação social seja de forma individual ou
coletiva, é na obediência moral da Lei que o povo dá continuidade a ação
histórico-libertadora de Deus. No reinado de Davi, Deus manifesta uma relação
paternal determinando através da aliança a promessa que jamais a violará a sua
aliança. Cumpre-se então posteriormente a missão messiânica através de Jesus e
por intermedeio Dele é constituído a nova e eterna Aliança, a partir da pratica
de justiça (anuncio da boa nova), que perdoa gratuitamente e redime a
humanidade por seu sangue se tornando um com Ele com um caráter de pertença:
“Eles serão o meu povo e Eu serei seu Deus.” (Jr 32,36).
O relacionamento de
Deus com seu povo que no Antigo Testamento acontecia predominantemente pelo
termo Aliança (toráh), e agora partir de Jesus Cristo, Ele se torna o único
intermediário entre Deus e a humanidade através da Nova e Eterna Aliança. O véu
se rasgou e o mistério se revela ao mundo sobre a presença divina como um dom
da graça derramada sobre nós. Cristo apresenta o Reino de Deus em duas
expectativas como promessa futura e outras vezes como algo presente e
inesperado, através de uma experiência libertadora acolhendo principalmente e
emergentemente os marginalizados como os pobres, os órfãos, as viúvas e etc. E
mostra sua posição através de sua missão diante da relação da humanidade para
com Deus (Pai) por seu intermédio acarretando uma nova expectativa moral. Os
seguidores de Cristo (discípulos) abraçam a missão de Jesus que os guiam a uma
comunhão de vida plena que se propagará a toda a humanidade por seu gratuito
convite que implica em atitudes concretas apontadas nas Bem-Aventuranças.
Continua...
Paz e Bem!
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