sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Livro Perdido de Dzyan I

A EVOLUÇÃO CÓSMICA 
NAS SETE ESTÂNCIAS DO LIVRO DE DZYAN
Helena Blavatsky


ESTÂNCIA I

1. O Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, havia adormecido uma vez mais durante Sete Eternidades.

2. O Tempo não existia, porque dormia no Seio Infinito da Duração.

3. A Mente Universal não existia, porque não havia Ah-hi para contê-la.

4. Os Sete Caminhos da Felicidade não existiam. As Grandes Causas da Desgraça não existiam, porque não havia ninguém que- as produzisse e fosse por elas aprisionado.

5. Só as trevas enchiam o Todo Sem Limites, porque Pai, Mãe e Filho eram novamente Um, e o Filho ainda não havia despertado para a Nova Roda e a Peregrinação por ela.

6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam cessado de ser; e o Universo, filho da Necessidade, estava mergulhado em Paranishpanna, para ser expirado por aquele que é e todavia não é. Nada existia.

7. As Causas da Existência haviam sido eliminadas; o Visível, que foi, e o Invisível, que é, repousavam no Eterno Não-Ser — o Único Ser.

8. A Forma Una de Existência, sem limites, infinita, sem causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos; e a Vida pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho Aberto de Dangma percebe.

9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo se encontrava em Paramârtha, e a Grande Roda era Anupâdaka?


sábado, 16 de fevereiro de 2019

Formação do Catolicismo Brasileiro 1500 - 1800 / 5ª Parte

O CATOLICISMO POPULAR II
O QUE ENTENDEMOS DO CATOLICISMO POPULAR?

Paulo da Costa Paiva


AS ÁREAS LIVRE

Os portugueses quando vieram para o novo mundo para terra de Santa Cruz vinham com a obrigação de conquistar almas para Cristo, em expandi o reino de Deus combatendo os inimigos da fé e educar na doutrina cristã, por isso do alto ao mais simples que vinham ao Brasil se sentia responsável na propagação da fé, essa evangelização foi predominantemente leiga, pois a instituição oficial se limitou praticamente ao litoral com raríssima presença no sertão adentro principalmente com o catolicismo regular (religioso missionário). 

Tanto os portugueses, como os índios mansos e os escravos colonizadores eram os principais propagadores da fé onde a doutrinação, nem sistema colonial e escravocrata não foram predominantes, mas de certa forma surgiu uma área livre se manifestando principalmente pelo os mais pobres, os índios e os negros escravos, de forma mais genuína um catolicismo popular que conseqüentemente revitalizava o catolicismo tradicional e o transformava numa força de libertação. A religião se tornou o único refugio para dignidade e autenticidade dos índios e negros escravos explorados pelo os brancos portugueses, não havia outra saída a não ser a fuga ou próprio suicídio, e foi na resiliência da fé que o mais pobre conseguiu forças diante de tanta opressão e exploração que teve que se submeter de corpo, mas a ‘’ alma “resistiu e transformou os símbolos da religião dominante em sinais de dignidade e autenticidade cultural.

OS ALDEAMENTOS

Os missionários (clero regular), principalmente os jesuítas, que inicialmente se prestaram a experiências superficiais e alienantes do cristianismo medieval dos colonos, perceberam com tempo o verdadeiro drama humano vivido pelos os mais pobres e excluídos (índios e negros escravos) em terras brasileiras, se afastando dos colégios e igrejas barrocas se interessaram pelos aldeamentos organizados. Para conseguir tal intento os jesuítas apelaram à diplomacia junto ao governador representante da coroa portuguesa no dia 30 1556 na Bahia passando as aldeias a constituírem territórios livre e intocáveis. Inicialmente essa evangelização se mostrou muito empolgante e frutuoso, mas com decorrer do tempo percebe-se que os índios mostravam grandes resistências ir às missas dominicais e outros costumes religiosos, com exceções das grandes festas religiosas que tinha após um festejo secular, como também uma forte temor e devoção nas missas de cinza e dia dos finados, em oferta de seus falecidos. Os negros escravos a situação não foi muito favorável, pois eles não conseguiram os benefícios que os índios gozavam como a liberdade ao viver nos aldeamentos, pois permaneciam escravos e sem direito algum em lugar nenhum.

Os jesuítas ao criarem os aldeamentos e proteger os índios de certa forma criaram um estado dentro do estado, não voltado à exportação de suas riquezas naturais, mas ao contrario para economia interna, que com o tempo foi se tornando cada vez mais autônoma e rica, e tudo isso estava incomodado os colonos, pois além da riqueza que alimentava cada dia mais dos jesuítas com a mão de obra indígena que apesar disso gozava de certa liberdade e outros benefícios. Para os colonos a submissão era fundamental para integração, era necessário subjugá-los para poder entregá-los na realidade cristã dos colonos europeu vivido no Brasil. Quando os Jesuítas foram expulsos (1759) durante a reforma pombalina os beneficiados foram os próprios colonos que foram aos poucos se fixando nas localidades se tornando vilas e posteriormente cidades em boa parte do norte do país. Infelizmente o índio não se adaptou na convivência com os brancos foram flagelados pelas doenças e pelos vícios, eram bastante maltratados pelos brancos e uma boa parte viviam numa permanente embriaguez, a única forma de sobreviver diante dessa situação tão tenebrosa foi à mestiçagem, e somente por miscigenação é que até hoje a herança indígena brasileira resiste em permanecer.

OS QUILOMBOS

Segundo a observação de viajantes no século XIX que se aventuraram no sertão a fora no Brasil colonial, relatavam que os negros fugitivos em quilombos guardavam o catolicismo zelosamente e que muitos quilombolas foram missionários, propagando a fé cristã em regiões nunca antes evangelizadas, que esse catolicismo tinha um forte sincretismo entre os ritos católicos misturado com a cultura indígena e africano. Diferente das religiões africana como o candomblé que sugere a lembrança saudosa da áfrica (Banzo) e seus deuses sobrevive “em exílio”, no quilombo apresenta-se um Brasil diferente onde se manifesta a esperança dos negros brasileiros onde a religião católica assume um novo significado, do catolicismo livre (libertação). Nos quilombos foram proibidos os cultos africanos, aderindo em comum somente os cultos católicos, pois o catolicismo representava a segurança recebida nos engenhos onde os negros fugitivos se identificavam muito mais com os santos católicos no qual tinham uma forte devoção do que propriamente com os orixás africanos. 

Outra coisa de profunda importância nos quilombos foi à unidade e confraternização de diversas procedências africanas que foram somente possíveis através do sincretismo católicos, que diferentemente dos engenhos, as tribos eram divididas por nações de origem, para alimentar o ódio entre eles próprios de guerras locais antes da escravidão do branco, evitando dessa forma o risco de se unirem e provocarem futuras revoltas sendo proibida a existência de feiticeiros, dando exclusividade as orientações exclusivamente católicas, por isso sendo necessário raptos de sacerdotes para poderem celebrar os cultos, sacramentos e festas religiosas como se viviam antes nos engenhos e fazendas, havendo também entre eles sacerdotes negros, num catolicismo guerreiro todo dirigido aos cativeiros, onde os negros até que não podia se defender materialmente contra o regime opressor dos brancos, mas se refugiava nos valores místicos que eram intocáveis e profundamente sagrados.


Paz e Bem!

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Corpus Hermeticum II

CORPUS HERMETICUM
De Hermes Trismegisto



IIA - DE HERMES A TAT: DISCURSO UNIVERSAL

Diálogo perdido

IIB - TÍTULO PERDIDO

1 Todo móvel, Asclépios, não é movido em qualquer coisa e por qualquer coisa? - Seguramente. - E não é necessário que aquilo em que o móvel se move lhe seja maior? - É necessário. - O motor, que te parece, é mais forte que o móvel? - Mais forte, com efeito. - E isso no qual o móvel se move é necessariamente de uma natureza oposta àquela do móvel? - Sim, absolutamente.
2 Agora, é tão grande este mundo que nenhum corpo não lhe possa ser maior? - De acordo. J-- E ele é compacto? Pois está repleto de muitos outros grandes corpos, ou, para dizer melhor, de todos os corpos que existem. - É assim. - Ora, o mundo é precisamente um corpo? - É um corpo. - E um corpo que é movido?
3 - Seguramente. - Qual o tamanho que deve ter o lugar no qual o mundo se move e de que natureza? Não deve ser bem maior, para ter condições de conter o movimento contínuo do mundo e para que o móvel não seja comprimido pela estreiteza do lugar e não cesse assim seu movimento? -Ele deve ser qualquer coisa de imenso, oh! Trismegistos.
4 Mas de qual natureza será este lugar? Da natureza oposta, não é Asclépios? Ora a natureza oposta ao corpo é o incorpóreo. - Eu convenho. - O lugar será então incorpóreo. Mas o incorpóreo, é ou qualquer coisa de divino, isto é, não engendrado, ou bem é Deus.
5 Se então o incorpóreo é o não engendrado, é da natureza da essência e se é Deus é ocorrente mesmo sem essência. Por outro lado é inteligível da seguinte maneira. Deus é para nós o primeiro objeto do pensamento, ainda que ele não seja objeto de pensamento para si mesmo (pois o objeto de pensamento cai sob os sentidos daquele que o pensa. Portanto Deus não é objeto de pensamento para si mesmo: pois não é uma coisa diferente do pensado de sorte que ele pensa a si mesmo.
6 Para nós contrariamente, Deus é alguma coisa de diferente e eis porque é objeto de pensamento para nós.) Ora, se o lugar é objeto de pensamento, não o é enquanto Deus, mas enquanto lugar. E mesmo se o tomarmos como Deus, não é enquanto lugar, mas enquanto energia capaz de conter todas as coisas. Todo móvel é movido não em qualquer coisa que se move, mas em qualquer coisa em repouso: o motor também está em repouso, pois não pode ser movido com aquilo que move.
- Como então, oh! Trismegistos, as coisas cá de baixo são movidas com as coisas que as movem? Eu te ouvi dizer, com efeito, que as esferas dos planetas são movidas pelas esferas das fixas. - Não se trata, Asclépios de um movimento solidário, mas de um movimento oposto: pois essas esferas não são movidas por um movimento uniforme, mas por movimentos opostos uns aos outros e esta oposição implica um ponto de equilíbrio fixo para o movimento:
7 pois a resistência é parada do movimento. Assim então as esferas dos planetas sendo movidas em sentido contrário da esfera das fixas, encontram-se em oposição com a própria oposição, sendo movidas por ela como estacionária. E não poderia ser de outra forma. Deste modo estas duas Ursas que, como o vês, não possuem nem oriente nem ocidente, e que giram sempre em torno do' mesmo centro, pensas que estão em movimento ou repouso? - Movem-se, oh! Trismegistos. - Com qual movimento, Asclépios? - Com o movimento que consiste sempre em girar em torüo dos mesmos eixos. - Sim e o movimento circular não é nada mais que o movimento em torno de- um mesmo centro firmemente contido pela imobilidade. Com efeito o movimento em torno de um mesmo centro exçlui a possibilidade de um movimento do eixo. De onde vem que o movimento em sentido contrário detém-se em um ponto fixo, pois tornou-se estaoionário pelo movimento oposto.
8 Eu vou to dar um exemplo na terra visível a olho nu. Veja os viventes perecíveis, o ser humano por exemplo, nadando. A água é arrastada pela sua corrente: mas a resistência dos pés e day mãos torna-se para o ser humano estabilidade, de modo que não éarrastado com a água. - Este exemplo é muito claro, oh! Trismegistos.
Todo movimento então é feito numa imobilidade e por uma imobilidade. Assim então, o movimento do mundo, bem como de todo vivente material deve provir não de causas exteriores ao corpo mas interiores, operando de dentro para fora, quer seja dos inteligíveis, quer seja a alma ou o sopro ou qualquer outro incorpóreo. Pois um corpo não pode mover um corpo animado nem, de uma maneira geral, nenhuma espécie de corpo, mesmo se este corpo movido é inanimado.
9 Como disseste aquilo, Trismegistos? As peças de madeira então, e as pedras e todas as outras coisas inanimadas, não são os corpos que os movem? - Não, Asclépios. Pois é o que se encontra dentro do corpo que é motor da coisa inanimada e não esse corpo mesmo, que move de uma só vez os dois corpos, o corpo daquele que porta e o corpo do que é portado: eis porque um inanimado não saberia movimentar um inanimado. Vês então a carga extrema da alma quando, sozinha, deve carregar dois corpos. Desta forma os objetos são movidos dentro de qualquer coisa e por qualquer coisa, é evidente.
10 É no vácuo que os objetos móveis devem ser movidos, oh! Trismegistos? - Contenha a língua, Asclépios. Absolutamente nenhum dos seres são vazios, em razão mesmo de sua realidade: pois um ser não poderá ser alguém, se não estiver repleto de realidade: ora o que é real nunca poderá tornar-se vazio. - Mas não existem certos objetos vazios, oh! Trismegistos, como um jarro, um pote, almofarizes e outros semelhantes? - Oh! Que erro imenso, Asclépios, o que é absolutamente cheio e repleto tome-o por vazio!
11 - Que dizes, oh! Trismegistos! - O ar não é um corpo? - De fato. - Esse corpo não penetra através de todos os seres e não preenche todos pela sua extensão? Todo corpo não é constituído pela mistura dos quatro elementos? Todas essas coisas que dizes vazias, são portanto repletas de ar; se estão repletas de ar, o são também dos quatro corpos elementares e eis-nos diante de teu engano: essas coisas que dizes plenas são vazias de ar, seu espaço se encontra reduzido por outros corpos de modo que não tem mais lugar para receber o ar. Essas coisas então que dizes vazias, devem antes ser chamadas de ocas, não vazias, pois do próprio fato de sua realidade estão cheias de ar e de sopro.
12 - Esta proposição é irrefutável, oh! Trismegistos. O lugar no qual então se move o universo, que dizemos que ele é? - Um incorpóreo, Asclépios. - Mas o que é incorpóreo? - Um intelecto, que contém inteiramente a si próprio, livre de todo corpo, infalível, impassível, intangível, imutável em sua própria estabilidade, contendo todos os seres e os conservando no ser, do qual são como os raios, o bem, a verdade, o arquétipo do espírito, o arquétipo da alma. - Mas Deus, então, o que é? - É aquele que não é nenhuma dessas coisas, mas que por outro lado é para essas coisas a causa de sua existência, para tudo e para cada um dos seres.
13 Pois ele não deixou lugar algum ao não ser; a todas as coisas que existem vêm e são a partir de coisas que existem, e não a partir de coisas inexistentes: pois não é da natureza das coisas inexistentes vir a ser, mas sua natureza é tal que elas não podem ser qualquer coisa, e em contrapartida as coisas que são não poderão vir a não ser, jamais.
14 Que queres dizer com "não ser jamais"? - Deus, então, não é intelecto, mas é a causa da existência do intelecto, e não é sopro, mas é a causa da existência do sopro e ele não é luz mas é a causa da existência da luz. De modo que é sob esses dois nomes que é preciso adorar a Deus, pois pertencem somente a ele e a nenhum outro. Pois nenhum dos outros seres chamados deuses, nem os humanos, nem os daimons podem em qualquer grau que seja, ser bons, salvo Deus somente. Ele apenas é isto e nenhum outro: todos os outros seres são incapazes de conter a natureza do Bem, pois são corpo e alma e não possuem lugar que possa conter o Bem.
15 A amplitude do Bem é tão grande quanto a realidade de todos os seres e dos corpos, bem como dos incorpóreos, dos sensíveis e dos inteligíveis. Eis o que é o Bem, eis o que é Deus. Não chame nenhuma outra coisa de boa pois isto é impiedade, ou dê a Deus qualquer outro nome que esse único nome de Bem, pois isto também é uma impiedade.
16 Certamente, todos pronunciam a palavra Bem, mas não percebem o que ela pode ser. Eis porque não percebem também o que é Deus, mas, por ignorância, chamam bons os deuses e certos homens, ainda que não o possam ser e nem se tornar: pois o Bem é o que menos se pode retirar de Deus, é inseparável de Deus, porque é o próprio Deus. Todos os outros deuses imortais são honrados com o nome de Deus. Mas, Deus é o Bem, não por uma denominação honorífica mas pela sua natureza. Pois a natureza de Deus é apenas uma coisa, o Bem, e os dois juntamente formam uma única e mesma espécie, da qual saem todas as outras espécies. Pois o ser bom é aquele que tudo dá e nada recebe. Ora, Deus tudo dá e nada recebe. Deus é portanto o Bem e o Bem é Deus.
17 A outra denominação de Deus é a de Pai, devido à virtude que possui de criar todas as coisas: pois é ao Pai que cabe o criar. Também a procriação das crianças é tida pelas pessoas sábias como a função mais importante da vida e a mais santa, e se vê o fato de um ser humano deixar a vida sem procriar como o maior infortúnio e o maior pecado, e um tal ser humano é punido depois da morte pelos daimons. Eis a pena a que é submetido: a alma do ser humano que morre sem filho é condenada a entrar em um corpo que não possui a natureza de homem, nem de mulher, o que é objeto de execração por parte do sol. Por esta razão, Aselépios, deves guardar-te de felicitar o ser humano que não possui filhos: contrariamente, apieda-te de sua infelicidade, sabendo qual o castigo que o espera. Mas isto basta, Asclépios, como conhecimento preliminar da natureza de todas as coisas.

Continua...

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Reflexão Casual LXXV‏I‏I‏‏I‏


"Cristo se tornou para a humanidade caminho, verdade e vida, pois tudo que é revelado e vivido nos evangelhos de corpo e alma, se torna seta para a maturação evolutiva de cada ser humano a partir de sua dimensão interna (alma) para o externo (mundo)... A nossa consciência é a morada de Cristo que se faz presente dentro de nós, cabe a cada um pelo seu esforço despertar se tornando um com Ele na comunhão por excelência em um novo cristo. O evangelho nos apresenta a nossa jornada (vida) diante dos conflitos internos e externos e na superação de evoluirmos de forma plena na comunhão perfeita com a fonte primeira de todas as coisa, sendo a partir de então verdadeiramente sua imagem e semelhança, ou melhor dizendo um iluminado do alto (luz para mundo)."

Paulinopax