sábado, 16 de fevereiro de 2019

Formação do Catolicismo Brasileiro 1500 - 1800 / 5ª Parte

O CATOLICISMO POPULAR II
O QUE ENTENDEMOS DO CATOLICISMO POPULAR?

Paulo da Costa Paiva


AS ÁREAS LIVRE

Os portugueses quando vieram para o novo mundo para terra de Santa Cruz vinham com a obrigação de conquistar almas para Cristo, em expandi o reino de Deus combatendo os inimigos da fé e educar na doutrina cristã, por isso do alto ao mais simples que vinham ao Brasil se sentia responsável na propagação da fé, essa evangelização foi predominantemente leiga, pois a instituição oficial se limitou praticamente ao litoral com raríssima presença no sertão adentro principalmente com o catolicismo regular (religioso missionário). 

Tanto os portugueses, como os índios mansos e os escravos colonizadores eram os principais propagadores da fé onde a doutrinação, nem sistema colonial e escravocrata não foram predominantes, mas de certa forma surgiu uma área livre se manifestando principalmente pelo os mais pobres, os índios e os negros escravos, de forma mais genuína um catolicismo popular que conseqüentemente revitalizava o catolicismo tradicional e o transformava numa força de libertação. A religião se tornou o único refugio para dignidade e autenticidade dos índios e negros escravos explorados pelo os brancos portugueses, não havia outra saída a não ser a fuga ou próprio suicídio, e foi na resiliência da fé que o mais pobre conseguiu forças diante de tanta opressão e exploração que teve que se submeter de corpo, mas a ‘’ alma “resistiu e transformou os símbolos da religião dominante em sinais de dignidade e autenticidade cultural.

OS ALDEAMENTOS

Os missionários (clero regular), principalmente os jesuítas, que inicialmente se prestaram a experiências superficiais e alienantes do cristianismo medieval dos colonos, perceberam com tempo o verdadeiro drama humano vivido pelos os mais pobres e excluídos (índios e negros escravos) em terras brasileiras, se afastando dos colégios e igrejas barrocas se interessaram pelos aldeamentos organizados. Para conseguir tal intento os jesuítas apelaram à diplomacia junto ao governador representante da coroa portuguesa no dia 30 1556 na Bahia passando as aldeias a constituírem territórios livre e intocáveis. Inicialmente essa evangelização se mostrou muito empolgante e frutuoso, mas com decorrer do tempo percebe-se que os índios mostravam grandes resistências ir às missas dominicais e outros costumes religiosos, com exceções das grandes festas religiosas que tinha após um festejo secular, como também uma forte temor e devoção nas missas de cinza e dia dos finados, em oferta de seus falecidos. Os negros escravos a situação não foi muito favorável, pois eles não conseguiram os benefícios que os índios gozavam como a liberdade ao viver nos aldeamentos, pois permaneciam escravos e sem direito algum em lugar nenhum.

Os jesuítas ao criarem os aldeamentos e proteger os índios de certa forma criaram um estado dentro do estado, não voltado à exportação de suas riquezas naturais, mas ao contrario para economia interna, que com o tempo foi se tornando cada vez mais autônoma e rica, e tudo isso estava incomodado os colonos, pois além da riqueza que alimentava cada dia mais dos jesuítas com a mão de obra indígena que apesar disso gozava de certa liberdade e outros benefícios. Para os colonos a submissão era fundamental para integração, era necessário subjugá-los para poder entregá-los na realidade cristã dos colonos europeu vivido no Brasil. Quando os Jesuítas foram expulsos (1759) durante a reforma pombalina os beneficiados foram os próprios colonos que foram aos poucos se fixando nas localidades se tornando vilas e posteriormente cidades em boa parte do norte do país. Infelizmente o índio não se adaptou na convivência com os brancos foram flagelados pelas doenças e pelos vícios, eram bastante maltratados pelos brancos e uma boa parte viviam numa permanente embriaguez, a única forma de sobreviver diante dessa situação tão tenebrosa foi à mestiçagem, e somente por miscigenação é que até hoje a herança indígena brasileira resiste em permanecer.

OS QUILOMBOS

Segundo a observação de viajantes no século XIX que se aventuraram no sertão a fora no Brasil colonial, relatavam que os negros fugitivos em quilombos guardavam o catolicismo zelosamente e que muitos quilombolas foram missionários, propagando a fé cristã em regiões nunca antes evangelizadas, que esse catolicismo tinha um forte sincretismo entre os ritos católicos misturado com a cultura indígena e africano. Diferente das religiões africana como o candomblé que sugere a lembrança saudosa da áfrica (Banzo) e seus deuses sobrevive “em exílio”, no quilombo apresenta-se um Brasil diferente onde se manifesta a esperança dos negros brasileiros onde a religião católica assume um novo significado, do catolicismo livre (libertação). Nos quilombos foram proibidos os cultos africanos, aderindo em comum somente os cultos católicos, pois o catolicismo representava a segurança recebida nos engenhos onde os negros fugitivos se identificavam muito mais com os santos católicos no qual tinham uma forte devoção do que propriamente com os orixás africanos. 

Outra coisa de profunda importância nos quilombos foi à unidade e confraternização de diversas procedências africanas que foram somente possíveis através do sincretismo católicos, que diferentemente dos engenhos, as tribos eram divididas por nações de origem, para alimentar o ódio entre eles próprios de guerras locais antes da escravidão do branco, evitando dessa forma o risco de se unirem e provocarem futuras revoltas sendo proibida a existência de feiticeiros, dando exclusividade as orientações exclusivamente católicas, por isso sendo necessário raptos de sacerdotes para poderem celebrar os cultos, sacramentos e festas religiosas como se viviam antes nos engenhos e fazendas, havendo também entre eles sacerdotes negros, num catolicismo guerreiro todo dirigido aos cativeiros, onde os negros até que não podia se defender materialmente contra o regime opressor dos brancos, mas se refugiava nos valores místicos que eram intocáveis e profundamente sagrados.


Paz e Bem!

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