O CATOLICISMO POPULAR II
O QUE ENTENDEMOS DO CATOLICISMO POPULAR?
Paulo da Costa Paiva
AS
ÁREAS LIVRE
Os
portugueses quando vieram para o novo mundo para terra de Santa Cruz vinham com
a obrigação de conquistar almas para Cristo, em expandi o reino de Deus
combatendo os inimigos da fé e educar na doutrina cristã, por isso do alto ao
mais simples que vinham ao Brasil se sentia responsável na propagação da fé,
essa evangelização foi predominantemente leiga, pois a instituição oficial se
limitou praticamente ao litoral com raríssima presença no sertão adentro
principalmente com o catolicismo regular (religioso missionário).
Tanto os
portugueses, como os índios mansos e os escravos colonizadores eram os
principais propagadores da fé onde a doutrinação, nem sistema colonial e
escravocrata não foram predominantes, mas de certa forma surgiu uma área livre
se manifestando principalmente pelo os mais pobres, os índios e os negros
escravos, de forma mais genuína um catolicismo popular que conseqüentemente
revitalizava o catolicismo tradicional e o transformava numa força de
libertação. A religião se tornou o único refugio para dignidade e autenticidade
dos índios e negros escravos explorados pelo os brancos portugueses, não havia
outra saída a não ser a fuga ou próprio suicídio, e foi na resiliência da fé
que o mais pobre conseguiu forças diante de tanta opressão e exploração que
teve que se submeter de corpo, mas a ‘’ alma “resistiu e transformou os
símbolos da religião dominante em sinais de dignidade e autenticidade cultural.
OS
ALDEAMENTOS
Os
missionários (clero regular), principalmente os jesuítas, que inicialmente se
prestaram a experiências superficiais e alienantes do cristianismo medieval dos
colonos, perceberam com tempo o verdadeiro drama humano vivido pelos os mais
pobres e excluídos (índios e negros escravos) em terras brasileiras, se
afastando dos colégios e igrejas barrocas se interessaram pelos aldeamentos
organizados. Para conseguir tal intento os jesuítas apelaram à diplomacia junto
ao governador representante da coroa portuguesa no dia 30 1556 na Bahia
passando as aldeias a constituírem territórios livre e intocáveis. Inicialmente
essa evangelização se mostrou muito empolgante e frutuoso, mas com decorrer do
tempo percebe-se que os índios mostravam grandes resistências ir às missas
dominicais e outros costumes religiosos, com exceções das grandes festas religiosas
que tinha após um festejo secular, como também uma forte temor e devoção nas
missas de cinza e dia dos finados, em oferta de seus falecidos. Os negros
escravos a situação não foi muito favorável, pois eles não conseguiram os
benefícios que os índios gozavam como a liberdade ao viver nos aldeamentos,
pois permaneciam escravos e sem direito algum em lugar nenhum.
Os
jesuítas ao criarem os aldeamentos e proteger os índios de certa forma criaram
um estado dentro do estado, não voltado à exportação de suas riquezas naturais,
mas ao contrario para economia interna, que com o tempo foi se tornando cada
vez mais autônoma e rica, e tudo isso estava incomodado os colonos, pois além
da riqueza que alimentava cada dia mais dos jesuítas com a mão de obra indígena
que apesar disso gozava de certa liberdade e outros benefícios. Para os colonos
a submissão era fundamental para integração, era necessário subjugá-los para
poder entregá-los na realidade cristã dos colonos europeu vivido no Brasil.
Quando os Jesuítas foram expulsos (1759) durante a reforma pombalina os
beneficiados foram os próprios colonos que foram aos poucos se fixando nas
localidades se tornando vilas e posteriormente cidades em boa parte do norte do
país. Infelizmente o índio não se adaptou na convivência com os brancos foram
flagelados pelas doenças e pelos vícios, eram bastante maltratados pelos
brancos e uma boa parte viviam numa permanente embriaguez, a única forma de
sobreviver diante dessa situação tão tenebrosa foi à mestiçagem, e somente por
miscigenação é que até hoje a herança indígena brasileira resiste em
permanecer.
OS
QUILOMBOS
Segundo
a observação de viajantes no século XIX que se aventuraram no sertão a fora no
Brasil colonial, relatavam que os negros fugitivos em quilombos guardavam o
catolicismo zelosamente e que muitos quilombolas foram missionários, propagando
a fé cristã em regiões nunca antes evangelizadas, que esse catolicismo tinha um
forte sincretismo entre os ritos católicos misturado com a cultura indígena e
africano. Diferente das religiões africana como o candomblé que sugere a
lembrança saudosa da áfrica (Banzo) e seus deuses sobrevive “em exílio”, no
quilombo apresenta-se um Brasil diferente onde se manifesta a esperança dos
negros brasileiros onde a religião católica assume um novo significado, do
catolicismo livre (libertação). Nos quilombos foram proibidos os cultos
africanos, aderindo em comum somente os cultos católicos, pois o catolicismo
representava a segurança recebida nos engenhos onde os negros fugitivos se identificavam
muito mais com os santos católicos no qual tinham uma forte devoção do que
propriamente com os orixás africanos.
Outra coisa de profunda importância nos
quilombos foi à unidade e confraternização de diversas procedências africanas
que foram somente possíveis através do sincretismo católicos, que
diferentemente dos engenhos, as tribos eram divididas por nações de origem,
para alimentar o ódio entre eles próprios de guerras locais antes da escravidão
do branco, evitando dessa forma o risco de se unirem e provocarem futuras
revoltas sendo proibida a existência de feiticeiros, dando exclusividade as
orientações exclusivamente católicas, por isso sendo necessário raptos de
sacerdotes para poderem celebrar os cultos, sacramentos e festas religiosas
como se viviam antes nos engenhos e fazendas, havendo também entre eles
sacerdotes negros, num catolicismo guerreiro todo dirigido aos cativeiros, onde
os negros até que não podia se defender materialmente contra o regime opressor
dos brancos, mas se refugiava nos valores místicos que eram intocáveis e
profundamente sagrados.
Paz e Bem!
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