quinta-feira, 29 de abril de 2021

Upanishad Kena – A noite silenciosa 3


Os Upanishads
Upanishad Kena – A noite silenciosa


O Espírito não pode ser contido pelos opostos. Essa limitação da consciência humana foi belamente expressada nos seguintes versos do Upanishad:

O que não pode ser expresso em palavras, mas pelo qual as palavras são faladas, saibam que somente isso é Brahman, o Espírito , e não o que as pessoas aqui adoram.

O que não pode ser pensado com a mente, mas pelo qual a mente pode pensar, saibam que somente isso é Brahman, e não o que aqui as pessoas adoram.

O que não pode ser visto com o olho, mas pelo qual o olho pode ver, saibam que somente isso é Brahman, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram.

O que não pode ser ouvido pelo ouvido, mas pelo qual o ouvido pode ouvir, saibam que somente isso é Brahman, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram.

Enquanto o Espírito contem o ouvido, o olho, a fala e a mente, esses não podem conter o Espírito. O Espírito é imanente nos órgãos, senão os órgãos seriam mortos. Ele é ao mesmo tempo transcendente, não é exaurido pelo órgão, e nem sofre qualquer diminuição por ser imanente no órgão.

O sol envia seus milhões de raios para iluminar todo o seu sistema, contudo ele não deixa seu lugar, nem diminui por ter enviado seus raios. Tudo no sistema solar é mantido por causa da imanência do sol.

Como pode a folha de grama que existe por causa do sol, conhecer a natureza do sol? Os órgãos funcionam por causa do Espírito, mas não podem conhecer aquele espírito.
Os órgãos conhecem todas as coisas através de seus próprios instrumentos funcionais, o ouvido pode conhecer através da função de ouvir, essa função pode ser refinada e tornada sensível, mas nunca poderá conhecer o que é a audição em si.

A mente pode conhecer o que é o pensamento, mas não pode saber o que é pensar. A qualidade do pensar não pode ser captada no processo do pensamento pelo qual funciona. Pensar é um fluxo, não pode ser captado no pensamento que é estático.

Os versos acima dizem que Brahman ou Espírito permanece intangível para as faculdades funcionais dos órgãos. Os versos dizem que Brahman não é o que as pessoas aqui adoram.

O que o homem adora é o que ele captou com suas faculdades funcionais, ele adora o Imanente, mas esquece que o Espírito não pode ser contido na estrutura do Imanente.

O que mantém o Imanente vivo é o Transcendente, que não pode ser captado pelas faculdades funcionais.


Continua...

Fonte:https://osmirclemente.wordpress.com/upanishad-kena-a-noite-silenciosa/

domingo, 18 de abril de 2021

APÓCRIFO DE JOÃO II


O Livro Secreto de João
A Revelação Secreta de João


E eu perguntei por curiosidade, e ele me disse, "A União é uma monarquia com nada acima dela. É o Deus e Pai do Todo, o sagrado, o invisível, que existe acima do Todo. Aquele que é o Pai de imperecibilidade, existindo como luz pura, dentro da qual nenhum olho consegue olhar.

Ele é o Espírito Invisível. Não é correto pensar Dele como um deus, ou algo similar. Porque Ele supera divindade. É um domínio que não tem nada acima Dele para governá-lo. Porque não há nada existindo antes Dele, nem Ele necessita deles. Ele não necessita de vida. Pois Ele é eterno. Ele não precisa de nada. Ele não pode ser aperfeiçoado, como se Ele fosse deficiente e necessitasse de aprimoramento; pelo contrário, Ele é sempre completamente perfeito. Ele é luz. Ele não pode ser limitado, já que não há nada anterior a Ele para o limitar. Ele é insondável, já que não existe ninguém anterior a Ele para o examinar. Ele é imensurável, porque não há alguém anterior a Ele que possa medí-lo. Ele é invisível, já que ninguém é capaz de visioná-lo. Ele é uma eternidade existindo eternamente. Ele é inefável, já que ninguém foi capaz de compreendê-lo para falar sobre Ele. Ele é inominável, já que não há ninguém anterior a Ele para dar-lhe um nome.

Ele é luz imensurável, o puro, que é sagrado e impoluto. Ele é inefável, sendo incorruptivelmente perfeito. Ele não é perfeição, nem bem-aventurança, nem divindade, pois Ele é algo muito superior a estes. Ele não é indelimitado nem delimitado, mas Ele é algo muito superior a estes. Ele não é corpóreo nem incorpóreo. Ele não é grande nem pequeno. Ele não é uma quantidade. Ele não é uma criatura. Nem é possível que alguém o compreenda. Ele não é algo que pertença ao Todo que existe, pelo contrário, Ele é algo que é melhor do que isso. Não que Ele seja simplesmente superior, como se Ele fosse comparável aos outros, mas Ele é algo que pertence a Si próprio.

Ele não participa em um aeon (como parte constituinte dele). O tempo não existe em relação a Ele. Pois qualquer um que participa em um aeon foi criado. O tempo não foi determinado a Ele, já que Ele não recebe nada de outro que estabelece limites. E Ele não necessita de nada. Nada do Todo existe antes Dele. Ele é suficiente para si próprio em sua luz perfeita. Porque a perfeição é majestosa. Ele é mente pura imensurável. Ele é um aeon doador-de-aeon. Ele é vida doadora-de-vida. Ele é uma bem-aventurança doadora-de-bem-aventurança. Ele é sabedoria doadora-de-sabedoria. Ele é bondade dodadora-de-bondade. Ele é piedade e redenção doadores-de-piedade. Ele é graça doadora-de-graça, não porque ele as tem, mas porque Ele doa a luz imensurável e incompreensível.


Continua...

domingo, 11 de abril de 2021

O CAIBALION 06


O CAIBALION
Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia


CÁPÍTULO VI - PARADOXO DIVINO

"Os falsos sábios, reconhecendo a irrealidade comparativa do Universo, imaginaram que podiam transgredir as suas Leis: estes tais são vãos e presunçosos loucos; eles se quebram na rocha e são feitos em pedaços pelos elementos, por causa da sua loucura. O verdadeiro sábio, conhecendo a natureza do Universo, emprega a Lei contra as leis, o superior contra o inferior; e pela Arte da Alquimia transmita aquilo que é desagradável naquilo que é agradável, e deste modo triunfa, O Domínio não consiste em sonhos anormais, em visões, em vida e imagInações fantásticas, mas sim no emprego das forças superiores contra . as inferiores, escapando assim das penas dos pia−nos inferiores pela vibração nos superiores. A Transmutação não é uma denegação presunçosa, é a arma ofensiva do Mestre."

Este é o Paradoxo do Universo, que resulta do Princípio de Polaridade que se manifesta quando o TODO começa a Criar. É necessário prestar atenção, porque isto estabelece a diferença entre a falsa e a verdadeira sabedoria. Enquanto que para o TODO INFINITO, o Universo, as suas Leis, as suas Forças, a sua Vida e os seus Fenômenos, são como pensamentos presentes no estado de Meditação ou Sonho; para tudo o que é Finito, o Universo deve ser considerado como Real, e a vida, a ação e o pensamento devem ser baseados nele, de modo a concordar com um preceito da Verdade superior; cada qual concordando com o seu próprio Plano e suas Leis. Se o TODO imaginasse−que o Universo era verdadeira Realidade, desgraçado do Universo porque ele não poderia subir do inferior ao superior que a deificação; então o Universo ficaria fixo e o progresso seria impossível.
E se o Homem, devido à falsa sabedoria, considerar as ações, vidas e pensamentos do Universo, como um mero sonho (semelhante aos seus próprios sonhos finitos), então ele o faz tão conveniente para si, e, como um dormidor que está passeando, tropeça sempre num círculo vicioso, sem fazer progresso algum, sendo, por fim, despertado por uma queda terrível, provenIente das Leis Naturais que ele ignora. Conservai sempre a vossa mente nas Estrelas, mas deixai os vossos olhos verem os vossos passos para não cairdes na lama, por causa da vossa contemplação de cima. Lembrai−vos do Paradoxo Divino, que ao mesmo tempo que o Universo NÃO EXISTE, ELE EXISTE. Lembraí−vos sempre dos dois Pólos da Verdade: o Absoluto e o Relativo. Tomai cuidado com as Meias−Verdades.
Aquilo que os Hermetistas conhecem como a Lei do Paradoxo é um aspecto do Princípio de Polaridade. Os escritos herméticos estão cheios de referências ao aparecimento de Paradoxos na consideração dos problemas da Vida e da Existência. Os Instrutores previnem constantemente os seus discípulos contra o erro de omitir o outro lado de cada questão. E as suas admoestações se referem particularmente aos problemas do Absoluto e do Relativo, que deixam perplexos todos os estudantes de filosofia, e que causam muitas idéias e ações contrárias ao que é geralmente conhecido como senso comum. Nós prevenimos a todos os estudantis que fiquem certos de compreender o Paradoxo Divino do Absoluto e do Relativo, para não ficarem atolados na lama da Meía−Verdade. É para este fim que foi escrita esta lição particular. Aprendei−a bem!
O primeiro pensamento que o homem pensador tem, depois que ele compreende bem a verdade que o Universo é uma Criação Mental do TODO, é que o Universo, e tudo o que ele contém, é mera ilusão, irrealidade; idéia contra a qual os seus instintos se revoltam. Contudo esta, como todas as outras grandes verdades, pode ser considerada sob os pontos de vista Absoluto e Relativo. Sob o ponto de vista Absoluto o Universo comparado com O TODO em si é de natureza duma ilusão, dum sonho, duma fantasmagoria. Sempre reconhecemo−lo em nossas vistas ordinárias, porque falamos do mundo como um espetáculo transitório que vai e vem, nasce e morre, por causa do elemento de impermanência e mudança, limitação e insubstancialidade; idéia esta que está em relação com a de um Universo criado, ao passo que contrasta com a idéia do TODO. Filósofos, metafísicos, cientistas e teólogos, todos são concordes sobre este ponto, que é fundado em todas as formas de idéias filosóficas e religiosas, assim como nas teorias das respectivas escolas metafísicas e teológicas.
Assim, as doutrinas herméticas não ensinam a insubstancialidade do Universo com palavras mais altíssonas do que as que vos são familiares, mas, apesar disso, o seu modo de encarar o assunto parecerá uma coisa mais assustadora. Uma coisa que tem um princípio e um fim pode ser considerada, em certo sentido, como irreal e não verdadeira; e, conforme todas as escolas de.− pensamento, o Universo está sob esta lei. No ponto Absoluto de vista, nada há real a não ser o TODO, que não pode ser realmente explicado. Ou o Universo é criado da Matéria, ou é uma criação mental na Mente do TODO: ele é insubstancial, não−duradouro, uma coisa de tempo, espaço e mobilidade. É necessário compreenderdes cabalmente isto, antes de, passardes a examinar as concepções herméticas sobre a natureza mental do Universo. Examinai cada uma das outras concepções e vereis que elas não são verdadeiras.
Mas o ponto de vista Absoluto mostra um só lado do Panorama; o outro lado é o Relativo. A Verdade Absoluta foi definida como sendo as Coisas como a mente de Deus as conhece, ao passo que a verdade Relativa são as Coisas como a mais elevada razão do Homem as compreende. Assim, ao passo que para o Todo o Universo é irreal e ilusório, um simples sonho ou resultado de meditação; para as mentes finitas que fazem parte deste mesmo Universo e o observam através das suas faculdades, ele é verdadeiramente real e assim deve ser considerado. Ao reconhecer o ponto de vista absoluto, não devemos cometer o erro de negar ou ignorar os fatos e fenômenos do Universo do modo como estes se apresentam às nossas faculdades: lembremos que não somos o TODO.
Para dar um exemplo familiar, todos reconhecemos que a Matéria existe para os nossos sentidos, e estaríamos errados a mente finita se o não reconhecêssemos. Mas, sempre a nossa mente finita compreende a afirmação científica que, falando cientificamente, não há nada mais que a Matéria; aquilo que chamamos Matéria é considerado como sendo simplesmente uma agregação de átomos, os quais são um grupo de unidades de forças chamadas elétrons ou íons, que estão em constante vibração e movimento circular. Batemos numa pedra e sentimos o baque; parece ser uma coisa real, mas é simplesmente o que dissemos acima. Mas lembramo−nos que o nosso pé, que sente o baque, também é Matéria, e portanto é constituído de elétrons, porque esta matéria também é nosso cérebro. E, para melhor dizer, se não fosse por causa da nossa Mente, absolutamente não poderíamos reconhecer o pé ou a pedra.
Assim, o ideal do artista ou escultor, que ele tanto esforça para reproduzir na tela ou no mármore, parece verdadeiramente real para ele. Assim se produzem os caracteres na mente do autor ou dramaturgo, o qual procura expressá−los de modo que os outros os possam reconhecer. E se isto é verdade no caso da nossa mente fínita, qual não será o grau de Realidade nas imagens Mentais criadas na Mente do Infinito? õ amigos, para os mortais este Universo de Mentalidade é verdadeiramente real; é o único que sempre podemos conhecer, ainda que subamos de planos a Planos cada vez mais elevados. Para conhecê−lo de outro modo, pela experiência atual, teríamos de ser o TODO mesmo. É verdade que quanto mais alto nos elevamos na escada − alcançamos as proximidades da mente do Pai − as coisas mais visíveis tomam a natureza ilusória das coisas finitas, Mas antes que o TODO nos retire em si a visão atual não desaparece.
Assim, não devemos viver acima das formas da ilusão. Desde que reconhecemos a natureza real do Universo, procuremos compreender as suas leis mentais e nos esforcemos em empregá−las para obtermos melhor resultado no nosso progresso através da vida, ao caminharmos de um plano a outro plano de existência. As Leis do Universo não são as pequenas Leis Férreas, por causa da sua natureza mental. Tudo, exceto o TODO, é limitado por elas. Aquilo que está NA MENTE . INFINITA DO TODO é REAL em grau relativo a esta mesma Realidade que é revestida na natureza do TODO. Não fiquemos, pois, incertos e atemorizados: somos todos FIRMEMENTE CONTIDOS NA MENTE INFINITA DO TODO e nada nos pode prejudicar e nos intimidar. Não há força fora do TODO para agir sobre nós. Podemos, pois, ficar calmos e tranqüilos. Há um mundo de conforto e tranqüilidade nesta realização depois de atingida. Então "calmos e tranqüilos repousaremos, embalados no Berço do Abismo"; ficando sem perigo no seio dc. Oceano da Mente Infinita, que é o TODO. NO TODO, move,remos, viveremos e teremos nossa existência.

Continua...

domingo, 4 de abril de 2021

Reflexão Casual CIV



Podemos nos enganar pelas paixões, motivada por fortes emoções, sendo arrastado pelos vazios e carências de nossa alma, mas quando se experimenta amar de verdade de forma profunda e concreta, jamais se engana e nunca se arrepende mesmo na dor do abandono, pois na dinâmica do amor tudo se vale à pena, se eterniza.

Paulinopax