sábado, 27 de outubro de 2018
sábado, 20 de outubro de 2018
Formação do Catolicismo Brasileiro 1500 - 1800
O
CATOLICISMO GUERREIRO
O MESSIANISMO GUERREIRO DOS PORTUGUESES
COLONIZADORES
Paulo da Costa Paiva
O catolicismo Guerreiro é uma
tradição vinda do outro lado do atlântico, mas precisamente da península
Ibérica de conquistas e reconquistas das tão famosas cruzadas contra os infiéis
(árabes), com este espírito de guerreiros nesta guerra santa, vieram para outro
lado dos mares para as terras dos tupiniquins, que ao chegarem por aqui
nomearam como terra da Santa Cruz e posteriormente como Brasil. Essa
mentalidade de prontidão de guerra contra tudo e contra todos que
oposicionar-se a madre Igreja estava impregnada no clero, na nobreza e
conseqüentemente na mente de todo os fieis, que enxergavam as novas terras
descobertas como uma missão a serviço do Reino de Deus através da coroa
portuguesa. Entre os portugueses existia uma forte influência de mentalidade messiânica
nacionalista, onde se reconheciam como o povo eleito de Deus que tinha como
missão estabelecer o Reino de Deus neste mundo, onde cada português tinha um
dom especial a serviço de Deus através da obediência a coroa portuguesa, que
reconheciam o seu Rei como governante do poder temporal e o Papa como
governante do poder espiritual no século, em nome de Deus sendo seus
representantes na terra.
Isso foi muito divulgado principalmente no Brasil por
Padre Antonio Vieira (Jesuíta), que reconhecia o reino de Portugal como
exclusivamente de Deus e que essa nação seria o seu próprio seminário da fé
aqui na terra a ser propagado ao mundo inteiro e cada português um apóstolo da
fé, anunciando o Reino de Deus até os extremos da terra como já se dizia no
evangelho. Via toda a obra de navegação e exploração de novos mares e novas
terras como ação e instrumentação em favor do anuncio do Reino de Deus, sendo
os navegantes portugueses esses anjos (soldados-missionários) que vinham aos
gentios (nativos – índios brasileiros) que os esperavam para sua conversão e
salvação em nome Cristo Jesus. Reconheciam também que a escravidão como meio de
salvação para todo que se submetia (forçosamente) servindo ao seu senhor aqui
na terra receberia sua recompensa eterna nos céus, a salvação dos pecados e as
primícias na presença de Deus em seu reino.
A IDÉIA DE “GUERRA SANTA” NA
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
O cristianismo nos seu primórdio era totalmente oposto a
qualquer tipo de violência, viviam praticamente em anunciar e testemunhas a fé
em Cristo Jesus, na ajuda aos irmãos necessitados e os pobres e perseguidos que
vivam em total abandono pelas cidades e vilarejos através do serviço
caritativos. As guerras eram de interesse dos Estados (Impérios e reinos)
melhor dizendo dos ricos e poderosos que por séculos perseguiam, torturavam e
matavam muitos cristãos. Somente quando a Igreja se torna aliada dos poderosos
constituídos (romanos) e que dá uma grande virada na sua própria história de
perseguida pelos gentios, se coloco de lado oposto quando se torna a religião
oficial do Império Romano, passa então perseguir e matar muitos que se
resistiam à fé cristã via a missão como combate de guerra para conversão dos
infiéis e gentios. Isso se agravou muito com o surgimento do islamismo que tinha
como preceito de sua fé a guerra santa, que era meio de santificação e
salvação, e de forma muito violenta ia se expandindo de cidade a cidade do
oriente ao ocidente. Essa situação preocupou muitos reinos no ocidente como
também a própria Igreja Romana que sentiram profundamente ameaçados. Diante
dessa situação tão complexa a Igreja tinha que se posicionar para sua própria
existência na história. As milícias católicas não eram, mas baseadas na
não-violência, mas sim no uso de armas, santos e santas que nada tinha haver
com a profissão militar, receberam um novo significado de santos guerreiros na
sua religiosidade devocionaria.
A colonização do Brasil foi realizada numa época em que a
idéia de guerra santa era plenamente aceita pela cristandade Ibérica e os
índios foram a primeiras vítimas desse contexto histórico, como a aculturação
imposta aos nativos na urgencialidade da conversão dos gentios em nome de Deus
para salvação de suas almas. Paralelamente trazendo de Portugal toda a sua
religiosidade guerreira como, por exemplo, a vinda das primeiras imagens de
santos e santas medianeiras, milagreiras e conseqüentemente guerreiras, como
também a construções de Igrejas e capelas em homenagem a suas vitórias e
livramentos contra gentios e infiéis (protestantes). Nesse contexto de vida já
daquela intensidade conflitiva dos combates contras os ímpios (árabes) na
península Ibérica, nas cruzadas para conquista da terra santa, muitos colonos
como os missionários respiravam uma espiritualidade ideologicamente guerreira e
a própria cruz que era símbolo exclusivamente da vitória cristã sobre a morte e
o pecado, se tornou instrumento de guerra e estandarte dos exércitos apara
amedronta e esmagar os inimigos. Tomar a cruz e seguir Jesus passou a
significar alistar-se na cruzada e partir para terra santa, a peregrinação
transformou-se em guerra, a mensagem de Cristo em apelo para violência e morte
aos ímpios.
EXPRESSÕES CONCRETAS DO CATOLICISMO GUERREIRO NO BRASIL PORTUGUÊS
A Ideologia da guerra santa penetrou em diversas expressões
da vida colonial no Brasil, percebem-se claramente isso com os primeiros
jesuítas vindos às terras brasileiras junto à catequese diante dos nativos, os
índios. Os administradores (governos) da colônia portuguesa foram inicialmente
muito prestativos aos padres da companhia (jesuítas) que vinham as missões nas
novas terras da coroa portuguesa, que foram em missão catequizar os índios, que
primeiramente viram uma grande dificuldade junto aos nativos adultos, buscaram
evangelizar as crianças indígenas que conseqüentemente os pais eram também
catequizados de forma indireta, o batismo assume um novo sentido no contexto
guerreiro das missões, onde se forçava explicitamente uma conversão:“ Aceitar o
batismo ou ser exterminado.” Dessa forma toda a tribo de uma só vez se
convertia ao cristianismo romano, onde até os índios brabos se amansava para a
sua própria sobrevivência. A própria eucaristia passa por um processo de
transformação no seu sentido sociológico, passando a ser um objeto de
manifestação pública como procissões e exposições, se diferenciando com a
vivência cristã dos primórdios do cristianismo que escondia em catacumba para
viver sua fé entre irmãos perseguidos templos romanos.
Outro momento de grande repressão que se utilizou da
religiosidade para destrar a sua população foi no século 18 nas regiões de
minas gerais no período da exploração principalmente do ouro para o reino de
Portugal, onde foi proibida a imprensa e qualquer expressão livre de pensamento
e de cultura evitando dessa forma qualquer tipo de rebelião, fomentando na
religião católica uma total submissão as autoridades e que os escravos e a
população pobre buscavam refugio, gozo e conforto em Jesus o nosso Senhor. Nesse
período já haviam expulsados os Jesuítas que insistiam em defender os índios e
também pelas riquezas adquiridas através da própria mão de obra indígenas, que
incomodava não somente os colonos mais também as autoridades locais, que por
tempos de conflitos conseguiram os expulsa-los e se apossar de seus bens. Dessa
forma a religião sobre o cuidado do clero secular se tornou o refugio dos
problemas da vida, um descanso festivo no meio de grande dureza da luta
cotidiana, numa procissão onde cada um no seu devido lugar (segundo as posições
sócias e raciais), respeitando as leis impostas pelos fortes e poderosos com as bençãos de Deus.
Continua...
Paz e Bem!
sábado, 6 de outubro de 2018
Reflexão Casual LXXIV
“Muitos que se
dizem cristãos entram em total contradição com aquilo que eles mesmos dizem
acreditar. A alienação (ignorância) leva ao fundamentalismo e ao idolatrismo
tanto de imagem como ao idolatrismo do livro (Bíblia)... Por ai você ver que
não adianta passar anos e anos rezando, esquentado o banco da igreja, se na
hora que podem demonstrar misericórdia e o amor de Deus para com seu próximo age
contrario como seres bestiais espelhando aos ditos demônios que tanto repugnam
e tanto se assemelham!”
Paulinopax
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