O CATOLICISMO POPULAR
O QUE ENTENDEMOS DO CATOLICISMO POPULAR?
Paulo da Costa Paiva
Para se falar sobre a o
catolicismo popular, primeiramente é importante deixar bem claro, que índios e
negros não eram considerado povo durante o período português da história
brasileiro, somente os portugueses e seus descendentes eram considerado povo o
restante eram “gentios da terra” (índios) ou “peça de Guiné, de Moçambique, de
Angola” (negros), dessa forma seria mais lógico ser chamado de catolicismo
gentílico do que propriamente de catolicismo popular, uma religiosidade vivida
pelo em pobre em geral.
Diante dessa realidade de uma religiosidade dúbia,
podemos identificar claramente que a divisão de classe não está somente no
âmbito social, mas transcende a própria religião, a elite se mostra claramente
indiferentes do catolicismo popular, reconhecendo somente o catolicismo
estabelecido ou o patriarcal, tendo em vista que oficialmente eram expressos
que existia somente um catolicismo que constituía como “cimento da unidade
nacional”. Já o catolicismo vivido pelo pobre em geral era negado todo seu
valor e originalidade, sendo uma religiosidade experimentada pelo povo humilde
numa interiorização dos temas apresentado pela religião dominante, mas vai
muito, além disso, pois se tornou uma cultura própria, sendo a mais original e
a mais rica que o Brasil já produziu.
Os
portugueses conseguiram conviver com os índios e africanos de maneira estável,
confraternizando de forma aparente com a raça dita inferiores (os negros e
índios), sem a necessidade de segregação racial, por motivos estrategicamente
políticos, essa convivência era perfeitamente ambígua, pois se apresentava como
harmoniosa entre ricos e pobres, mas na verdade era uma realidade onde a
dominação era exercida com sutileza e crueldade.
A repressão por parte do
governo junto ao povo mais simples e sem direitos, deixa na consciência
coletiva um profundo trauma, de uma verdadeira desesperança por receio de
tentar novamente por receio da morte sem expectativa de libertação,
conseqüentemente interioriza suas aflições na religião como forma de refúgio e
consolação, diante dessa situação podemos reconhecer que a religiosidade
popular surgiu a partir da experiência de repressão, e ela contém dois momentos
cruciais: Um primeiro momento de revolta e um segundo momento de abafamento ou
repressão desta revolta. Sendo uma consciência vivida de forma abafada sob a
ação de uma tradicional sabedoria de conformismo e paciência fatalista diante
de todo contraste social reprimida pela religião da casa grande vivendo
obediente e dependente dos seus “senhores” onde uns vivem dos outros, a custa
dos outros.
UM PROBLEMA DE LINGUAGEM:
PROVIDENCIALISMO E PROGRESSISMO
Desde
o início da descoberta do Brasil, a colônia portuguesa vivia sob o signo da
providência divina, a mão de Deus e fazia atuante em todo seu processo
histórico e a formação da nação. Uma fé inabalável que animava a todos, ricos e
pobres, tudo em seu cotidiano era reconhecida como ação direta de Deus para com
todos, e as próprias colônias portuguesas antes de se chamar Brasil foi nomeada
de terra de Santa Cruz, e a maioria das cidades e tudo que era descoberto e
levantado (fundado) tinham nome de algum santo católico.
A divina providência
marcava os ritmos da vida do povo tanta nas alegrias como nas dores, era um
povo muito religioso e muito cristão pelo menos na tradição e na esperança
naquele único que poderia auxiliá-los e salva-los diante de tantas
dificuldades, e essa tradição entre o povo brasileiro e seus lideres que a
intervenção divina se fazia presente no seu cotidiano se estendeu por séculos,
era comum em momentos de conflitos a impregnação de um ar de misticismo, onde a
mão de Deus pairava diretamente nos conflitos e se faziam muitas promessas
(ambos os lados) e agradecimento por vitória nas guerras tanto interna contra
as isoladas rebeliões dos insatisfeitos com a coroa portuguesa, como os
conflitos externos contra invasores europeus (franceses e holandeses
principalmente).
Esse providencialismo religioso não foi manifestado
espontaneamente ou pelo menos nem sempre foi assim e nem para com todos, muitas
das vezes se utilizavam da própria religião como ferramenta e até de manobra
para com os povos explorados e perseguidos, impondo aos índios mansos e os
negros escravos a sua religião e as suas condições, na qual em suas leituras de
suas próprias religiões nativas identificavam a sua atual situação como
manifestações de seus deuses, na qual estavam fadados a se conformar e se
refugiar na esperança de um futuro melhor. No século 19, surge junto com as
classes dirigentes o progressismo que serviu apenas de disfarce para ocultar a
metamorfose colonial para poder estabelecer o segundo pacto colonial. Enquanto
o primeiro período colonial foi marcado pelo providencialismo medieval, o
segundo período colonial recebeu a marca do progressismo europeu principalmente
por influência dos ingleses e franceses, na qual foram encarnadas suas culturas
e economia no cotidiano brasileiro, quase exclusivamente nas cidades
principalmente pelos ricos e nobres locais, surgindo dessa forma, “dois brasis”
com um grande abismo sociocultural aos mais pobres e as cidades menores do
interior brasileiro.
Paz e Bem!
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