Os Upanishads
Upanishad Ishavasya –
O Véu Dourado 3
No
movimento, esta plenitude é fragmentada em partes, e está parcialmente
presente, mas mesmo assim, se o movimento estiver vivo e não morto, deve estar impregnado
com a qualidade do Todo.
Repouso
e movimento são o “ser”e o “vir a ser” da filosofia hindu. Se o “vir a ser”é
separado do “ser”, tal “vir a ser”é um mal monstruoso que se move para um
desnorteamento sem fim.
O
movimento deve ser vivo devido à presença do Todo, então certamente o movimento
e o Repouso devem existir simultaneamente no Todo. Repouso perfeito no
movimento dinâmico, esse é o verdadeiro fenômeno de Isha ou Brahman, envolvendo
a todas as coisas moventes que existem no mundo movente.
Aquele
que compreende o Repouso infinito no movimento infinito conhece a verdadeira
natureza de Brahman, vê o Todo na parte.
Para
entender tudo isso, vamos a última parte do verso de abertura: “Renunciando a
isso, tu podes desfrutar, sem cobiçar a riqueza do outro”.
Mas
o que temos que renunciar, se tudo é permeado por Brahman? A riqueza do outro
significa a riqueza que não é dada a você, não cobice algo que não lhe é dado,
desfrute daquilo que é dado a você.
A
parte que é reservada a uma pessoa só pode ser desfrutada por ela mesma,
desejar a parte do outro é demonstrar ignorância do fato de que até mesmo a
menor parte está impregnada do Todo.
A
parte que nos é reservada é tão rica quanto a parte que está reservada a outro,
ansiar por aquilo que não nos é dado é o caminho da frustração e da tristeza.
Está
no Bhagavad Gita: “Os virtuosos que comem os restos do sacrifício estão livres
de todos os pecados, mas os ímpios que preparam o alimento para seu próprio
benefício, verdadeiramente comem o pecado”.
Porque
cobiçamos a riqueza do outro? É porque não descobrimos nossos próprios
tesouros. Aceitar aquilo que nos é dado não é passividade, é a base da
verdadeira felicidade e o ponto de partida para a correta ação.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário