O CAIBALION
Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia
CAPÍTULO VII - O TODO
EM TUDO / CONTINUAÇÃO...
Os antigos hertnetistas usam a palavra
Meditação, ao degcrever o processo da criação mental do Universo na Mente do
TODO, a palavra contemplação sendo também freqüentemente empregada. Mas a idéia
entendida parece ser a do emprego da Atenção Divina. Atenção é uma palavra
derivada de um verbo latino, que significa estender−se, desdobrar−se, e também
o ato de. Atenção é realmente um desdobramento mental, uma extensão da energia
mental, de modo que a idéia interior é facilmente compreendida quando
examinamos o significado real da Atenção,.
Os Ensinos herméticos a respeito do
processo de Evolução são os que o Toi)o, tendo meditado no princípio da
Criação, tendo estabelecido então os fundamentos materiais do Universo, tendo
pensado na sua existência, gradualmente desperta da sua Meditaação e assim
começa a manifestar o processo de Evolução, nos planos material, mental e
espiritual, sucessivamente e em ordem. Então o movimento de ascensão começa, e
tudo começa a mover−se para a mansão espiritual. A Matéria torna−se menos
grosseira; as Unidades nascem à existência; as combinações começam a formar−se;
a Vida aparece e manifesta−se em formas cada vez mais elevadas; e a Mente
torna−se cada vez mais evidente, as vibrações sendo constantemente mais
elevadas. Em resumo, o promso total da Evolução, em todas as suas fases, começa
e procede de acordo com as Leis estabelecidas do processo de Infusão. Todas
ocupam eons e eons do tempo do Homem, cada eon contendo muitos milhões de anos;
porém, como nos diz o Iluminado, a criação inteira, incluindo a Involução e a
Evolução de um Universo, é para o TODO simplesmente como um piscar de olhos. No
fim dos inúmeros ciclos de eons de tempo, O TODO retira a sua Atenção, sua
Contemplação e Meditação do Universo, porque a Grande Obra está acabada e Tudo
está retirado no TODO de que provém. Mas, 6 Mistério dos Mistérios!, o Espírito
de cada alma não é aniquilado, mas sim expandido infinitamente, a Criatura e o
Criador são confundidos. Tal é a relação do Iluminado!
A precedente ilustração da meditação e do
subseqüente despertamento da meditação do TODO é mais um esforço dos
Instrutores para descrever o processo Infinito por um exemplo finito. E, ainda:
O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que
está em cima. A diferença é somente em grau. E assim COMO O TODO desperta−se da
meditação sobre o Universo, assim o Homem (no tempo) cessa de manifestar no
Plano Material, e retira−se cada vez mais no Espírito presente, que é realmente
O Ego Divino. Há um assunto maior de que desejamos falar−vos nesta lição, e que
nos levaria imediatamente a uma invasão do campo da especulação −metafísica;
contudo, o nosso fim é simplesmente mostrar a futilidade de tais especulações. Aludimos
à questão que inevitavelmente vem à mente de toclos os pensadores que se
aventuraram a investigar a Verdade. A pergunta é: POR QuE criou o TODO os
Universos? A pergunta pode ser feita de diferentes formas, mas a que vai acima
é o essencial da investigação.
Os homens esforçaram−se para responder a
esta pergunta, mas ainda não há resposta digna de nome. Muitos imaginaram que o
TODO tem muito a ganhar com isto, mas isto é absurdo; porque, que poderia
ganhar O TODO que já não possua? Outros deram a resposta na idéia que o TODO
quis que tudo amasse, e outros que ele criou por prazer e divertimento, ou
porque estava só, ou para manifestar o seu poder: todas respostas e idéias
pueris, qualidades do período infantil do pensamento.
Outros acreditaram descobrir o mistério
afirmando que o TODO achou−se impelido a criar, pela razão da sua própria
natureza interna, o seu instinto criador, Esta idéia é mais adiantada que as
outras, mas o seu ponto fraco está na idéia de que o TODO é impelido por alguma
coisa, quer interna, quer externa. Se a sua natureza interna, ou instinto
criador, impele−o a fazer as coisas, então a natureza interna ou o instinto
criador seria o Absoluto, em vez do TODO, e neste caso esta parte da proposição
está errada. E, ainda, o TODO cria e manifesta, e parece ter muitas qualidades
de satisfações em fazê−lo. E é difícil de escapar da conclusão que, em grau
infinito, ele poderia ter o que corresponde no homem a uma natureza inata, ou
um instinto criador, correspondente a um infinito I)esejo e Vontade. Não
poderia agir sem Querer agir; e não poderia Querer agir sem Desejar agir; e não
Desejaria agir sem Satisfação nisso. E todas estas coisas pertenceriam a uma
Natureza Infinita, e podem ser consideradas como estando de acordo com a Lei de
Correspondência. Mas, ainda, preferimos considerar O TODO como agindo
inteiramente LIVRE de toda influência, tanto interna como externa. Isto é o
problema que se apóia na raiz da dificuldade, e a dificuldade que se apóia na
raiz do problema.
Falando estritamente, não se poderá dizer
que haja uma Razão para o TODO agir, porque uma razão implica uma causa, e o
TODO está acima da Causa e do Efeito, exceto quando ele quer tomar−se causa,
tempo em que o Princípio é posto em movimento. Assim, dizeis, o assunto é
Incompreensível, justamente como o TODO é incognoscível. Justamente como
dizemos simplesmente que o TODO "É", assim também somos obrigados a
dizer que O TODO AGE PORQUE AGE. Enfim, O TODO é toda Razão em si mesma, toda
Lei em si mesma, toda Ação em si mesma; e pode−se dizer que, em verdade, o TODO
é a sua própria Razão, a sua própria Lei, a sua própria Ação; ou que o TODO, a
sua Razão, a sua Ação, a sua Lei, são um, com todos estes nomes sendo de uma só
coisa. Na opinião dos que vos dão estas lições, a resposta se encerra no
PRÓPRIO INTIMO DO TODO, junto com o seu Segredo de Existência. A Lei de
Correspondência, na nossa opinião, compreende somente este aspecto do TODO, que
pode ser chamado o aspecto de ESTADO. O lado oposto deste aspecto é o aspecto
de EXISTÊNCIA, no qual toda ’ s as Leis perdem−se na LEI, todos os Princípios
imergem no PRINCÍPIO; e o TODO, o PRINCÍPIO, a EXISTÊNCIA, SãO IDÊNTICOS ENTRE
SI (uns aos outros). Por isso, as especulações metafísicas sobre este ponto são
fúteis. Entramos aqui no assunto, simplesmente para mostrar que conhecemos a
pergunta e também o absurdo das respostas ordinárias das metafísicas e
teologias. Em conclusão, poderá ser de interesse aos estudantes dizer−lhes que
apesar de muitos dos antigos e modernos Preceitos herméticos tenderem a aplicar
o Princípio de Correspondência à questão, com o que resulta a conclusão da
Natureza Intima, mesmo assim as lendas contam que Hermes, o Grande, sendo
interrogado sobre esta questão pelos seus adiantados discípulos, respondeu−lhes
FECHANDO OS SEUS LÁBIOS COM FIRMEZA e não dizendo uma palavra, indicando que
NÃO HAVIA RESPOSTA. Mas, então, ele podia ter entendido de aplicar o axioma da
sua filosofia, que diz: "Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto aos
ouvidos do Entendimento", significando que ainda os seus discípulos
adiantados não possuíam o Entendimento que os habilitava ao Preceito. Seja como
for, se Hermes possuía o Segredo, ele deixou de o comunicar, e embora o mundo
tome muito interesse, OS LÁBIOS DE I−IERMES ESTÃO FECHADOS a este respeito. E
quando o Grande Hermes hesitou em falar, qual mortal poderá atrever−se a
ensinar? Porém, deveis lembrar que ainda que seja aquela a resposta deste
problema, se porventura há uma resposta, permanece a verdade que: "Enquanto
Tudo está n’O TODO, é também verdade que O TODO está em Tudo." O Preceito
é enfático. E podemos acrescentar−lhe as palavras conclusivas de
citação:"Aquele que compreende realmente esta verdade alcançou o grande
conhecimento."
Continua...
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