Os Upanishads
Upanishad Kena – A
noite silenciosa
Há um
mantra para aplacar o senhor da morte, nesse caso Shiva é adorado em sua forma
conhecida como Tryambaka, e ele pode prolongar a extensão da continuidade
fazendo recuar as forcas da descontinuidade ou vice-versa. Ele é o guardião do
Intervalo entre o Manifesto e o Imanifesto.
Brahman
surge somente naquele intervalo sobre o qual Shiva preside. Shiva é um errante
a noite, e só pode ser encontrado na escuridão da noite, e é aí que Shiva
transmite as intimações do Imanifesto. Neste intervalo o manifesto não está e o
Imanifesto não chegou. A chegada do Imanifesto é proclamada por Shiva.
O homem
precisa descobrir diretamente a natureza de Brahman, o que só será possível
após a liberação de todos os atributos da mente, e permanece imóvel na noite
escura e silenciosa. Então a noite transmite sua dádiva ao aspirante.
Essa
dádiva vem anonimamente, pois o aspirante não sabe quem a deu, e dádiva vem
subitamente. Brahman nunca será alcançado pelo pensamento, Ele surge no
pensamento daqueles cujas mentes foram liberadas dos três atributos.
Brahman
vem na natureza como o flash de um relâmpago. Ninguém sabe quando Ele virá. O
relâmpago desaparece tão subitamente quanto surgiu, não pode ser agarrado nem
colocado numa estrutura de tempo. Mesmo que dure por um momento, esse momento é
tão brilhante de luz que o caminho é visto em toda a sua vividez.
Brahman
não pode ser percebido gradualmente, Ele surge instantaneamente, e aquele que
está desperto pode ver. Aquele que teve essa visão não pode ser o mesmo homem
outra vez, cada parte da existência do homem é transformada.
Qualquer
desejo de estender o momento significaria trazer a percepção de Brahman para o
processo do tempo. Somente no momento atemporal é que Brahman pode ser
conhecido.
Aquele
que obteve este vislumbre de Brahman retorna ao processo do tempo com um
sentido de êxtase, e preenche o processo do tempo com esse êxtase. Ele não é
mais a mesma pessoa.
Brahman
é Tadvanam, o Bem-amado de todos, e adoramos o Bem-amado através do Amor.
Somente a adoração do Amor nos conduz a experiência de Brahman. Esta realidade
não chega ao homem através de um estado de suspensão ou mortificação.
O Amor
é um estado de total simplicidade. O Amor não é um produto do cultivo da mente.
O Amor surge em uma mente liberta de todas as suas acumulações. Ao se aproximar
do Bem-amado, o amor joga fora todos os seus acúmulos e oferece a si mesmo ao
Bem-amado.
O
instrutor do Upanishad Kena recomenda ao discípulo cultuar Brahman como
Tadvanam, pois ele é o Bem-amado de todos, e somente ao longo caminho do Amor
Ele pode ser encontrado.
Fonte:https://osmirclemente.wordpress.com/upanishad-kena-a-noite-silenciosa/
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