Itinerário
Teológico
Paulo da
Costa
A teologia tem como
objetivo a revelação divina através da pessoa de Jesus Cristo. Jesus se torna o
sujeito na economia da salvação, que tem como pilares a sagrada Escritura, a
tradição e seu magistério. Para se compreender melhor a teologia cristã na contemporaneidade
precisamos trilhar todo o seu itinerário, a partir dos séculos, mas precisamente
do século XX até a atualidade. Baseado no texto de João Bastita Libanio (Mestre
em filosofia e doutor em teologia). Ele nos apresenta inicialmente a teologia
fundamental tradicional, que tem como objetivo a justificação de forma racional
da revelação divina, ou melhor, dizendo da própria fé, combatendo todo tipo de
ataque provindo das ideias iluministas. Mas com o tempo os conteúdos estudados
estavam se tornando ultrapassados diante dos grandes avanços da sociedade pós-guerra.
Então surge a teologia da revelação
que se diferencia em três pontos básico da teologia tradicional que seria na
dimensão da existencialidade, historicidade e caráter bíblico numa adesão com
Jesus pelo Santo Espírito. Percebe-se o grande valor crítico e científico da
sagrada Escritura, baseado em novas descobertas arqueológicas que fortaleceram
uma visão mais panorâmica de um cristianismo que se afirma num caráter
histórico de revelação superando dessa forma um caráter mais intelectualista. A
teologia da revelação buscou através de seu dinamismo e inovação, ser menos
subjetiva buscando se tornar cada vez mais objetiva. Infelizmente ainda parecia
demasiadamente intelectualista, faltava algo que se se torna pleno ou se
aproximasse de uma possibilidade da praxidade do reino de deus no meio de nós.
Na América latina no final da década
de 60, onde se havia um grande temor por partes dos governantes, do avanço do
comunismo exemplificado com o ocorrido em Cuba, a grande parte dos países
latino-americanos se fechou e houve uma pandemia militar contra a democracia
fragilizada pelo contexto político-econômico, Surgindo então os golpes
militares e predominando os governos ditatórios. A população reagiu através das
militâncias contra a opressão violenta em clima de libertação onde as alas
cristãs encaravam os novos desafios na luz da Sagrada Escritura, bebendo de
novos e modernos direcionamentos do concilio do vaticano II, TSurgindo dessa
forma uma teologia voltada à luz do evangelho diante dos problemas emergenciais
e problemáticas das nações latino americana, onde a censura e o silencio
predominada pela opressão dos governos militares, mas surge uma possibilidade
de esperança e libertação em favor dos oprimidos e marginalizados na luz do
evangelho na pessoa de Cristo por uma nova sociedade justa e fraterna.
Surge em Medellín (Colômbia) em 1968
a primeira Conferencia Geral do Episcopado Latino Americano – CELAM. Onde a própria
Igreja (Leigos, religiosos, movimentos e Bispos progressistas) debatia a discutir
as problemáticas situações da Igreja nesse contexto político de opressão.
Muitos teólogos abraçaram essa nova expectativa de Igreja, surgindo muitos
movimentos como as CEBs e diversas pastorais sociais onde o pobre e o marginalizado
se organizavam e se fortalecia em busca de melhorias e dignidade humana. Já a partir
da década de 80 com o papado de João Paulo II, percebia o surgimento de uma
nova geração, que nesse novo contexto histórico as ditaduras militares sendo
abolidas, nasce um novo tempo, com uma nova expectativa cheio de esperança, o
resurgimento da democracia que se via ao longe, e breve se afirmaria em toda
América latina. Claramente nota-se que muitas militâncias progressista e
libertadora se amornaram como a própria teologia da libertação, que aos pouco
foram perdendo espaço para uma teologia muito mais centrada nela mesma, de uma
subjetividade exacerbada, vivendo uma fé sem reflexão e supervalorizando o
quesito emocional. Esquecendo ou deixando de lado a problemáticas sociais e
nossos irmãos marginalizados.
Paulo da Costa |
A Igreja que antes era o povo-Igreja
se fortalecendo nas suas estruturas (Base), tanto na fé como na praxidade do
reino de Deus, desandou nessas ultimas décadas. Onde o pentecostalismo se
mascara dentro da própria igreja, vivendo mais dos excessos da religiosidade,
da superficialidade e do midiático. Numa experiência individualista com Deus
mesmo em multidões, que é arrastado pelos mega shows e padres pop-stars. Hoje o
grande desafio dos teólogos e dos estudantes de teologia é buscar uma teologia
centrada e tendo sempre Jesus Cristo como suma referencia, dessa forma
identificando e neutralizando os excessos (extremos), desenvolvendo uma visão panorâmica
das problemáticas de nossa sociedade em busca de oportunidades para uma nova
sociedade onde a praxidade do reino de Deus se manifeste para todos.
Paz e Bem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário