Onde está a vossa
fé?
Paulo da Costa
" E sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se de
água, estando em perigo.E, chegando-se a Ele, o despertaram, dizendo: Mestre,
Mestre, perecemos. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água;
e cessaram, e fez-se bonança." (Lc 8, 23-24)
Jesus ao subir na barca
orienta seus discípulos a navegarem ao outro lado do lago, durante o percusso,
Ele adormece então repentinamente surge uma tempestade com fortes ventos e água
invadindo a barca, causando um grande temor aos discípulos que se viram na
necessidade buscar acordar o mestre pois estavam com medo de morrerem. Ao
despertar, Jesus severamente conjurou o vento e as ondas que cessaram e tudo se
apaziguou. Jesus exortava seus discípulos sobre a fé deles, mas os discípulos
ainda impressionados se perguntavam quem será esse que até o vento e as ondas o
obedecem? Essa leitura é bastante atual e nos traz grandes questionamentos de
nossa fé em Cristo, e até que ponto nos assemelhamos aos discípulos? Vamos
destrinchar cada momento da perícope desse texto evangélico identificando com a
nossa realidade. Logo nas primeiras palavras, se observa que Jesus tem a
iniciativa de entrar na barca, orientando para ir outro lado do lago. Podemos perceber o chamado de Deus em nossas
vidas, Ele nos chama para caminhar, e nessa trilha somos convidados a mudarmos
de vida radicalmente (outro lado do lago) , seguindo a nossa vocação. Mas durante essa caminhada, que é a nossa
peleja ao carregarmos a cruz, somos muito provados dia a dia, a cada instante,
podemos cair em pecado e nos distanciar cada vez mais de Deus, fazendo adormecer a ligação (comunhão) com Cristo. Surgindo
então as tribulações (pecados), pois ao nos distanciamos da luz ficamos nas
trevas, sem norte e totalmente cegos e desorientados afundando a cada passo que
dar.
Muita das vezes por estar caminhando na
Igreja, sendo nos grupos (Comunidade), pastorais ou movimentos,corremos o risco
de subestimar as pessoas (julgando-se
melhor) e até o próprio Deus,achando-se que sendo engajado na Igreja
(Independente de qual seja o credo) estaria fazendo um grande favor a Deus em
beneficio da salvação e evitando dessa forma o inferno. Isso é um pensamento
medíocre e mesquinho, pois entra em total contradição com a boa nova. Nada se
faz em troca nem mesmo pelos Céus,
porque isso seria um comercio um jogo de interesse, mas se deve fazer tudo por
amor, sem interesse nenhum a não ser a felicidade do próximo em comunhão com a
vida(Deus) em plenitude. isso só é possível através do grande anuncio que se
manifesta pelo o testemunho que se faz na práxis da caridade ao próximo. Se
observarem bem, a profissão de Jesus era de carpinteiro e a maioria dos
discípulos eram de pescadores, então quem poderia se impor por sua experiência
nos mares?Seria os próprios discípulos, e quem não nos garante que eles nas
suas ignorâncias não subestimaram o Mestre (carpinteiro)? Que adormeceu na
barca. Assim acontece com muitos que vivem há anos na caminhada, se acham na
autoridade de julgar e condenar o seu irmão (usurpando o lugar de Deus). Essa atitude é autenticamente farisaica pois
somente a Cristo cabe a autoridade de julgar e a nós de servir a Deus com a
nossa própria vida sendo instrumento de vossa paz, (luz pra o mundo e sal para
terra).
Voltando as
tribulações, as tempestades e as ondas agitadas de nossas vidas, é necessário
reconhecer que nada somos sem Cristo em nossas vidas. Se não reconhecermos as
nossas limitações e fragilidades (pecados), se torna difícil a reconciliação
com Deus. Os discípulos que eram veteranos dos mares, se sentiram acuados
diante das tribulações e se viram na urgência, reconhecerem impotentes diante
da situação e pedir auxilio do Mestre, para isso se fez necessário despertar o
Cristo dentro de nós. Nos afastando de Deus por causa dos pecados, devemos ter
a humildade de reconhecermos como pecadores arrependidos, a necessidade de
buscarmos a Jesus como Senhor de nossa vida, aquele que cura, liberta e nos dá
a verdadeira paz. Mas para isso é urgente a busca, ter um encontro com o nosso
Senhor, ir ao deserto (interior). Se não tiver novamente a intimidade com
Cristo através da oração como também dos sacramentos, jamais poderá ser
verdadeiramente um discípulo a serviço do Reino de Deus. Busquemos
amadurecer na intimidade com Cristo, onde ser faz necessário uma vigilância
constante (Onde está a vossa fé?) e uma vida de apostolado na fé e na caridade
ao próximo no amor de Deus. Buscar não cair em tentação é um exercício de fé, e
se cair não se desesperar pois até mesmo nas quedas aprendemos o com o Mestre a
se levantar. Ir a Deus é essencial , por isso é fundamental confiar na sua
misericórdia enquanto antes, o que não deve, é ficar somente maravilhado com as
obras de Deus e não se comprometer a uma verdadeira conversão em unidade plena
com Deus.
Pax!
Nenhum comentário:
Postar um comentário