O CAIBALION
Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da
Grécia
CÁPÍTULO VI - PARADOXO
DIVINO
A Matéria não é para nós a Matéria
inferior, enquanto vivemos no plano da Matéria, apesar de sabermos que é
simplesmente uma agregação de elétrons ou partículas de Força, que vibram
rapidamente e giram umas ao redor das outras na formação de átomos; os átomos
vibram e giram formando moléculas que, por sua vez, formam as grandes massas de
Matéria. A Matéria não é para nós a Matéria inferior, quando prosseguimos nas
investigações mais elevadas, e aprendemos dos Preceitos herméticos que a Força,
da qual os elétrons são unidades, é simplesmente uma manifestação da mente do
TODO, e assim no Universo tudo é simplesmente Metal em sua natureza. Enquanto no
Plano da Matéria, podemos reconhecer os seus fenômenos, poderemos examíná−la
(como o fazem todos os Mestres de graus mais ou menos elevados), mas fazemo−lo
aplicando as forças superiores. Cometeremos uma loucura pretendendo negar a
existência da Matéria no aspecto relativo. Podemos negar o seu domínio sobre
nós, devemos fazer, mas não devemos ignorar que ela existe em seus aspectos
relativos, ao menos enquanto no seu plano. As Leis da Natureza não são menos
constantes ou efetivas, como sabemo−lo, apesar de serem simplesmente criações
mentais. Elas estão em muitos efeitos dos diversos planos.
Dominamos as leis inferiores aplicando−lhes
as que lhes são superiores; e somente por este modo. Mas não podemos escapar da
Lei e ficar inteiramente fora dela. Nada senão O TODO pode escapar da Lei; e
isto é porque o TODO é a própria LEI, de que todas as Leis procedem. Os mais
adiantados Mestres podem adquirir os poderes usualmente atribuídos aos deuses
do homem; e há inúmeras ordens de entes, na grande hierarquia da vida, cujas
existências e poderes excedem mesmo os dos mais elevados Mestres entre os
homens a um grau imaginário para os mortais. contudo, o mais elevado dos
Mestres e o Ente mais elevado devem curvar−se à Lei e ser como Nada diante do
Todo. De o modo que se mesmo estes Entes, cujos poderes excedem o atribuídos
pelos homens aos seus deuses, estão subordinados à Lei, imaginai qual não será
a presunção do homem mortal da nossa raça e do nosso grau, quando ousa
considerar as Leis da Natureza como irreais, visionárias e ilusórias, porque
chegou a compreender a verdade que as Leis são de natureza mental e simples
Criações Mentais do TODO. Estas Leis, que O TODO destinou para governar as leis, não podem ser desafiadas nem argüidas.
Enquanto durar o Universo, elas durarão, porque o Universo só existe pela
virtude destas Leis, que formam o seu vigamento e que ao mesmo tempo o mantém.
O Princípio hermético de Mentalismo,
explicando a verdadeira natureza do Universo por meio do princípio que tudo é
Mental, não muda as concepções científicas do Universo, da Vida ou da Evolução.
Com efeito, a ciência simplesmente corrobora os Ensinamentos herméticos. Estes
últimos ensinam que a natureza do Universo é Mental, ao passo que a ciência
moderna disse que ele é Material; ou (ultimamente) que ele é Energia, em última
análise. Os Preceitos herméticos não caem no erro de combater os princípios
básicos de Herbert Spencer que afirmam a existência de unia "Energia
Infinita e Eterna da qual todas as coisas procedem". Com efeito, os Hermetistas
reconhecem na filosofia de Spencer a mais elevada exposição das operações das
Leis naturais que foram promulgadas até agora, e eles crêem que Spencer foi uma
reencarnação de um antigo filósofo que viveu no Egito, milhares de anos antes e
que por último se tinha encarnado como Heráclito, filosofo grego que viveu em
500 antes de Cristo. E eles consideram esta idéia da "Energia Infinita e
Eterna" como partindo diretamente da linha dos Preceitos herméticos,
sempre com o acréscimo da sua própria doutrina que esta Energia (de Spencer) é
a Energia da Mente do TODO. Com a Chave− Mestra da Filosofia hermética, o
estudante poderá abrir várias portas das mais elevadas concepções filosóficas
do grande filósofo inglês, cuja obra manifesta os resultados da preparação das
suas encarnações precedentes. A sua doutrina a respeito da Evolução e do Ritmo
está na mais perfeita concordância com os Preceitos herméticos sobre o
Princípio do Ritmo.
Assim, o estudante do Hermetismo não deve
desprezar quaisquer destes pontos de vista científicos a respeito o Universo.
Todos devem ser interrogados para se concluir e compreender o princípio oculto
que "O TODO é Mente; o Universo é Mental e criado na Mente d’O TODO".
Eles crêem que os outros seis dos Sete Princípios se adaptarão a esta doutrina
científica e servirão para esclarecê−la. Não há que admirar, ao encontrarmos a
influência do pensamento hermetista nos primitivos filósofos da Grécia, em
cujas idéias fundamentais se baseiam em grande parte as teorias da ciência
moderna. A aceitação do Primeiro Princípio hermético (o de Mentalismo) é o
único grande ponto de diferença entre a ciência moderna e os estudantes
hermetistas, mas a Ciência se dirige gradualmente para o lado dos hermetistas
nas suas apalpadelas no meio da escuridão para encontrar um caminho de saída do
Labirinto em que vaga nas suas pesquisas pela Realidade.
O fim desta lição é gravar na mente dos
nossos estudantes a verdade que, para todos os intentos e propósitos, o
Universo e suas leis, seus fenômenos, são justamente REAIS, que mesmo o Homem
está incluído nelas, de modo que poderiam estar sob a hipótese de Materialismo
ou Energismo. Sob qualquer hipótese o Universo no seu aspecto exterior é
mutável e transítório; e por isso sem substancialidade e realidade. Mas (notai
o outro pólo da verdade), sob qualquer das mesmas hipóteses, somos compelidos
a, AGIR E VIVER COMO se as coisas transitórias fossem reais e substanciais. Há
sempre esta diferença entre as diversas hipóteses, ; que sob os velhos pontos
de vista o Poder Mental era ignorado como Força Natural, ao passo que sob o
Mentalismo ele se torna uma grande Força Natural. Esta diferença revoluciona a
Vida daqueles que compreendem este Princípio, as leis que dele resultam e as
suas práticas.
De modo que todos os estudantes devem
compreender as vantagens do mentalismo e aprender a conhecer, usar e aplicar as
leis que dele resultam. Mas não devem cair na tentação que, como diz o
Caibalion, domina os falsos sábios e os deixa hipnotizados pela aparente
irrealidade das coisas, tendo como conseqüência eles andarem para trás como
desvairados, vivendo num mundo de sonhos, ignorando o trabalho e a vida do
homem, sendo o seu fim "quebrarem−se contra as rochas e se despedaçarem
pelos elementos, por causa da sua loucura". Em primeiro lugar vem o
exemplo do sábio, que a mesma autoridade estabelece do modo seguinte: "ele
emprega a Lei contra as Leis, o superior contra o inferior e pela Arte da
Alquimia transmuta o que é desagradável no que é agradável e deste modo
triunfa." Seguindo a autoridade, combatamos também a falsa sabedoria (que
é uma loucura), que ignora a verdade: "O Domínio não consiste em visões e
sonhos anormais, em vida e imaginações fantásticas, mas sim no emprego das
forças superiores contra as inferiores, escapando assim das penas dos planos
inferiores pela vibração nos superiores." Lembrai−vos, sempre, estudantes,
que "a Transmutação não é uma presunçosa denegação, mas sim a arma
ofensiva do Mestre". As citações acima são do Caibalion e são dignas de
serem conservadas na memória do estudante.
Nós não vivemos num mundo de sonhos, mas
sim num Universo que, enquanto relativo, é real tanto quanto as nossas vidas e
ações são interessadas. A nossa ocupação no Universo não é negar a sua
existência, mas sim viver, empregando as Leis para nos elevarmos do inferior ao
superior, fazendo o melhor que podemos sob as circunstâncias que aparecem cada
dia, e vivendo, tanto quanto é possível, para as nossas idéias elevadas e os
nossos ideais. O verdadeiro fim da Vida não é conhecido pelo homem neste plano;
as maiores autoridades e a nossa própria intuição dizem−nos que não
cometeríamos erro vivendo do modo melhor que pudermos, e segundo a tendência
Universal no mesmo ponto, apesar das aparentes evidências em contrário. Todos
estamos no Caminho, e a estrada conduz sempre para cima, deixando muitos
lugares atrás. Lede a mensagem do Caibalion, e segui o exemplo do sábio,
fugindo do erro do falso sábio que perece por causa da sua loucura.
Continua..
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