O CAIBALION
Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da
Grécia
CAPÍTULO X - A
POLARIDADE
"Tudo é duplo; tudo tem dois pólos;
tudo tem seu par de opostos; o semelhante e o dessemelhante são uma só coisa;
os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se
tocam; todas as verdades são meias−verdades; todos os paradoxos podem ser
reconciliados."
O Quarto Grande Princípio hermético − o
Princípio de Polaridade − contém a verdade que todas as coisas manifestadas têm
dois lados, dois aspectos, dois pólos opostos, com muitos graus de diferença
entre os dois extremos. Os velhos paradoxos, que ainda deixaram perplexa a
mente dos homens, são explicados pelo conhecimento deste Princípio.
O homem também reconheceu muitas coisas−
semelhantes a este Princípio e tentou exprimi−lo por estas máximas e aforismos:
Tudo existe e não existe ao mesmo tempo, todas as verdades são meias−verdades,
todas as verdades são meio−falsas, há dois lados em tudo, todo verso tem o seu
reverso, etc. Os Ensinos herméticos são, com efeito, que a diferença entre as
coisas que se parecem diametralmente opostas é simplesmente questão de graus.
Eles ensinam que os pares de opostos podem ser reconciliados, e que a
reconciliação universal dos opostos é efetuada pelo conhecimento deste
Princípio de Polaridade. Os instrutores dizem que os exemplos deste Princípio
podem ser dados a qualquer pessoa, e por meio de uma examinação da natureza
real das coisas. Eles conhecem porque afirmam que o Espírito e a Matéria são
simplesmente dois pólos da mesma coisa, sendo os planos intermediários
simplesmente graus de vibração@ Eles afirmam que o ToDo e o Muito são a mesma
coisa, a diferença sendo simplesmente questão de grau de manifestação mental.
Assim a LEi e as Leis são os dois pólos de uma só coisa. Do mesmo modo o
PRINcípio e os Princípios, a Mente Infinita e a mente finita.
Então passando ao Plano Físico, eles
explicam o Princípio dizendo que o Calor e o Frio são idênticos em natureza, as
diferenças sendo simplesmente questão de graus. O termômetro marca diversos
graus de temperatura, chamando−se o pólo mais baixo frio, e o mais elevado
calor. Entre estes dois pólos estão muitos graus de calor ou frio, chamai−os
qualquer dos dois que não cometereis erro algum. O mais elevado dos dois graus
é sempre o mais quente, enquanto que o mais baixo é sempre o trais frio. Não há
demarcação absoluta; tudo é questão de grau. Não há lugar no termômetro em que
cessa o calor e começa o frio. Isto é questão de vibrações mais elevadas ou
menos elevadas. Mesmo os termos alto e baixo (inferiores e superiores), que
’somos obrigados a usar, são unicamente pólos da mesma coisa; os termos são
relativos. Assim como o Oriente e o Ocidente; viajai ao redor do mundo e na
direção do Oriente, e chegareis a um ponto que é chamado Ocidente, ao vosso
ponto de partida, e voltareis deste ponto oriental. Viajai para o Norte e
parecer−vos−á viajar no Sul, ou vice−versa.
A Luz e a Obscuridade são pólos da mesma
coisa, com muitos graus entre elas. A escala musical é a mesma coisa: vibrando
o ponto "C" movei−o para cima até que encontrais outro ponto "C",
e assim por diante, a diferença entre as duas extremidades da corda sendo a
mesma, com muitos graus entre os dois extremos. A escala das cores é a mesma:
pois que as mais elevadas e as mais baixas vibrações são simplesmente
diferenças entre o violeta superior e o vermelho inferior. O Grande e o Pequeno
são relativos. Assim também o Ruído e o Silêncio, o Duro e o Flexível. Tais são
o Agudo e o Liso. O Positivo e o Negativo são dois pólos da mesma coisa, com
muitos graus entre eles. O Bem e o Mal não são absolutos; chamamos uma
extremidade da escala Bem e a outra Mal. Uma coisa é menos boa, que a coisa
mais elevada na escala, mas esta coisa −menos boa, por sua vez, é mais boa
(melhor) que a coisa imediatamente inferior a ela; e assim por diante, o mais ou
o menos sendo regulado pela posição na escala.
E assim é no Plano Mental. O Amor e o ódio
são geralmente considerados como sendo coisas diametralmente opostas entre si,
inteiramente diferentes, irreconciliáveis. Mas aplicamos o Princípio de
Polaridade, e supomos que não há coisa de Amor Absoluto ou de ódio Absoluto,
como distintos um do outro. Ambos são simplesmente termos aplicados aos dois
pólos da mesma coisa. Começando num ponto da escala encontramos mais amor ou
menos ódio, conforme subirmos a escala; e mais ódio e menos amor, conforme
descermos: sendo verdade que não há matéria de cujo ponto, superior ou
inferior, possamos admirar. Há graus de Amor e de Ódio, e há um ponto médio em
que o semelhante e o dessemelhante tornam−se tão insignificantes que é difícil
fazer distinção entre eles. A Coragem e o Medo seguem a mesma regra. Os pares
de opostos existem em toda parte. Onde encontrardes uma coisa encontrareis o
seu oposto: os dois pólos.
E é este fato que habilita o hermetista a,
transmutar um estado mental, em outro, conforme as linhas da Polarização. As
coisas pertencentes a diferentes classes não podem ser transmutodas em uma
outra, mas as coisas da mesma classe podem ser transmutadas, isto é, podem ter
a sua polaridade mudada. Assim o Amor pode ser Oeste ou Leste, Vermelho ou
Violeta, mas pode tornar−se e imediatamente se torna em ódio, e do mesmo modo,
o ódio pode ser transformado em Amor, pela mudança da polaridade. A Coragem
pode ser mudada em Medo e vice−versa. As coisas duras podem ficar moles. As
coisas agudas podem ficar lisas. As coisas frias podem ficar quentes. E assim
por diante, a transmutação sendo sempre entre coisas da mesma natureza, porém
de graus diferentes. Tomemos o caso de um homem medroso. Elevando as suas
vibrações mentais na linha do Medo e da Coragem, pode chegar a possuir maior
grau (e Coragem e Intrepidez. E de igual modo um homem preguiçoso pode mudar−se
em um indivíduo ativo, enérgico, simplesmente pela polarização na direção da
qualidade desejada.
O estudante que está familiarizado com os
processos pelos quais as diversas escolas de Ciência mental, etc., produzem
modificações nos estados mentais dos que empregam os seus ensinos, poderá não
compreender o princípio que opera estas mudanças. Contudo, quando o Princípio
de Polaridade é compreendido, ele vê que as mudanças mentais são ocasionadas
por uma mudança de polaridade, uma descida na mesma escala: o assunto é
facilmente compreendido. A mudança não é da natureza de uma transrnutação de
uma coisa em outra coisa inteiramente diferente, mas é simplesmente uma mudança
de grau nas mesmas coisas, uma diferença muito importante. Por exemplo, tomando
uma analogia do Plano Físico, é impossível mudar o Calor em Agudeza, Ruído,
Altura, etc., mas o Calor pode ser transmutado em Frio, simplesmente pela
diminuição dás ’vibrações. Da mesma forma o ódio e o Amor são mutuamente
transmutáveis; assim também o Medo e a Coragem. Mas o Medo não pode ser mudado
em Amor, nem a Coragem em Mo. Os estados mentais pertencem a inúmeras classes,
cada classe deles tem dois pólos opostos, entre os quais a transmutação é
possível. O estudante reconhecerá facilmente que nos estados mentais, bem como
nos fenômenos do Plano Físico, os dois pólos podem ser classificados como
Positivo e Negativo, respectivamente. Assim o Amor é Positivo para o ódio, a
Coragem para o Medo, a Atividade para a Indolência, etc. E também pode−se dizer
ainda que aos que não estão familiarizados com o Princípio de Vibração, o pólo
Positivo parece ser de um grau mais elevado que o pólo Negativo, e dominá−lo
imediatamente. A tendência da Natureza é na direção da atividade dominante do
pólo Positivo. Para acrescentar mais alguma coisa à mudança dos pólos dos
próprios estados mentais de cada um pela operação da arte de, Polarização, os
fenômenos da Influência mental, nas suas diversas fases, nos mostram que este
princípio pode estender−se até ao fenômeno da influência de uma mente sobre
outra, de que muito se tem escrito nos últimos anos.
Quando se compreende que a Indução mental é
possível, isto é, que estes estados mentais são produzidos pela indução de
outros, então se pode ver imediatamente como um certo grau de vibração, ou a
polarização de um certo estado mental, pode ser comunicado a outra pessoa, e
assim se muda a sua polaridade nesta classe de estados mentais. É conforme este
princípio que os resultados de muitos tratamentos mentais são obtidos. Por
exemplo, uma pessoa é azul, melancólica e cheia de medo. Um cientista mental
adestrando pela sua própria vontade a sua mente à desejada vibração, obtém a
desejada polarização no seu próprio caso, então produz um estado mental
semelhante no outro por indução, o resultado sendo que as vibrações são
elevadas e a pessoa polarizada no lado Positivo da escala em vez do lado
Negativo, transmutadas em e o seu Medo e outras emoções negativas são , Coragem
e nos estados mentais positivos similares. Um pequeno estudo mostrar−vos−á que
estas mudanças mentais são quase todas de conformidade com a linha de
Polarização, a mudança sendo de grau e não de espécie. O conhecimento da
existência deste grande Princípio hermético habilitará o estudante a
compreender melhor os seus próprios estados mentais e o das outras pessoas. Ele
verá que estes estados são todos questão de graus, e vendo assim, ele poderá
elevar ou a− baixar a vibração à vontade, mudar os seus pólos mentais, em vez
de ser o seu servo e escravo. E por este conhecimento poderá auxiliar
inteligentemente os seus semelhantes, e pelo método apropriado mudar a
−polaridade quando desejar. Aconselhamos todos os estudantes a familiarizarem−se
com este Princípio de Polaridade, porque uma exata compreensão dó mesmo
esclarecerá muitos assuntos difíceis.
Continua...
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